Investir em dividendos é uma estratégia muito atraente para investidores que buscam uma fonte estável de renda passiva. Os dividendos representam os pagamentos realizados pelas empresas, Real Estate Investment Trusts (REITs) ou Fundos Imobiliários aos seus acionistas, normalmente com base nos lucros obtidos. No entanto, é essencial que os investidores identifiquem ações e REITs com rendimentos sustentáveis para garantir que esses pagamentos sejam mantidos ao longo do tempo.
O investimento em empresas de dividendos é tido por muitos como um investimento que não tem uma boa rentabilidade de longo prazo, mas isso definitivamente não é verdade. A justificativa dos defensores dessa tese, é que como as empresas distribuem boa parte dos seus lucros, não sobre muito para investir.
Porém, as empresas que conseguem pagar bons dividendos ao longo do tempo, somente o conseguem porque são empresas com vantagens competitivas que lhe permitem ter lucratividade o suficiente para remunerar seus acionistas, e o mercado premia isso.
Observe por exemplo que o índice Idiv, que persegue uma carteira teórica composta por empresas boas pagadoras de dividendos, supera em quase o dobro a performance do Ibovespa, e mesmo que do ETF SMAL11, que small-caps.
Obviamente, para investir em dividendos e selecionar as melhores empresas, é fundamental realizar uma análise aprofundada das companhias ou REITs em questão.
Indicadores-chaves para investir em dividendos:
1) O primeiro deles é o Dividend Yield, que expressa a relação entre os dividendos pagos por ação e o preço da própria ação. Embora um alto dividend yield possa indicar um rendimento atrativo, é necessário verificar se a empresa possui fundamentos sólidos para sustentar esses pagamentos.
Um alto dividend yield pode ser fruto de uma queda no preço da ação devido a problemas financeiros ou incertezas futuras, o que torna o rendimento não sustentável a longo prazo.
2) Outro indicador crucial é o Payout, que corresponde à proporção dos lucros distribuídos como dividendos em relação aos lucros totais da empresa.
Um payout ratio excessivamente alto pode sinalizar que a empresa está distribuindo a maior parte de seus lucros e, consequentemente, pode enfrentar dificuldades para financiar seus próprios projetos de crescimento e investimentos futuros.
É importante encontrar um equilíbrio, buscando empresas com payouts razoáveis, que permitam a distribuição de dividendos consistentes sem comprometer o crescimento do negócio. No cenário ideal, o investidor deve buscar empresas que retornem bastante capital para os acionistas, e não necessitem de muitos reinvestimentos em suas operações.
Além disso, é essencial analisar o histórico de crescimento dos dividendos ao longo dos anos. Empresas que possuem um histórico consistente de aumento nos pagamentos aos acionistas podem ser sinais de gestão financeira sólida e confiança no crescimento futuro. Acompanhar o desempenho passado é uma forma de entender a postura da empresa em relação à remuneração de seus acionistas e estimar sua capacidade de manter essa política no futuro.
Nos Estados Unidos, por exemplo, existe o ETF NOBL, que investe nas chamadas Dividend Aristocrats, que são as empresas que aumentaram o pagamento de dividendos de forma consecutiva durante pelo menos 25 anos.
Outros fatores a serem considerados incluem a saúde financeira geral da empresa ou REIT, verificando se eles possuem lucros consistentes e fluxo de caixa positivo para sustentar os pagamentos aos acionistas.
A Estrutura de Capital também é relevante, uma vez que uma alta carga de dívida pode impactar negativamente a capacidade da empresa de pagar dividendos em tempos de dificuldades financeiras.
Além disso, é importante analisar o setor em que a empresa atua. Setores mais maduros e estáveis tendem a ter dividendos mais consistentes, enquanto setores voláteis e cíclicos podem apresentar maior variação nos pagamentos de dividendos.
Por fim, considerar a governança corporativa é fundamental. Empresas com boas práticas de governança tendem a adotar uma abordagem mais responsável em relação à distribuição de dividendos, protegendo os interesses dos acionistas minoritários.
Vale ressaltar que a identificação de ações ou REITs com rendimentos sustentáveis é uma tarefa complexa e exige uma análise cuidadosa e abrangente. Diversificar a carteira de investimentos é uma prática recomendada para reduzir os riscos associados ao investimento em dividendos.