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Bitcoin é pirâmide? Como identificar golpes no mundo das criptomoedas?

No mundo das criptomoedas, o Bitcoin é uma figura central que desperta tanto curiosidade quanto controvérsias entre aqueles que resolvem opinar sobre o tema. Neste artigo, vamos discorrer sobre a ideia de que o Bitcoin é pirâmide, apresentando argumentos sólidos e informações relevantes para esclarecer esse assunto e fornecer uma compreensão mais precisa sobre essa criptomoeda revolucionária! Além disso, iremos destacar pontos importantes de como evitar golpes financeiros.

 

O que é um esquema de pirâmide? 

Antes de mais nada, você precisa saber o que realmente é um esquema de pirâmide, que basicamente consiste em um “modelo de negócios” que recruta membros por meio de uma promessa de pagamentos ou retornos financeiros por recrutar novas pessoas para o esquema. Assim, os participantes são estimulados a angariar novos membros e, por vezes, comprar produtos ou serviços associados ao esquema, onde esse dinheiro “investido” pelos novos entrantes é utilizado para pagar os mais antigos, criando-se a ilusão de sucesso e atraindo novos interessados.

esquema de pirâmide e o bitcoin

 

No entanto, à medida que a base de novos “entrantes” diminui e a necessidade de pagar os retornos aumenta, o esquema entra em colapso. A maioria dos membros, portanto, acaba perdendo seu dinheiro, enquanto os golpistas no topo do esquema desaparecem com os fundos acumulados. Assim, em outras palavras, quem entra no início pode até se beneficiar financeiramente, mas fica evidente que a estrutura é totalmente insustentável e só opera dependendo de (e em detrimento de) quem está na base.

banner whats criptomoedas

 

Bitcoin é pirâmide ou não?

Não! Quando olhamos para o Bitcoin, notamos exatamente o oposto disso. Não há qualquer tipo de hierarquia para gerar retornos aos investidores, operando em um modelo descentralizado onde todos são iguais e independentes.

Vale ressaltar que o código-fonte do protocolo é aberto para que todos possam participar de seu desenvolvimento e contribuir com sua infraestrutura. Sua ideia é funcionar de forma peer-to-peer e independente de um ponto central, o que por si só já invalidaria completamente a comparação.

Portanto, sendo bastante direto: Não, o Bitcoin não é considerado, nem de perto, um esquema de pirâmide.

E se você não acredita no que estamos falando ou julga que somos parciais sobre o tema, saiba que essa percepção é compartilhada pela maior inteligência artificial de modelo de linguagem existente hoje, o ChatGPT:

chatgtp explicando porque o bitcoin não é pirâmide

 

Não estamos aqui para julgar aqueles que ainda não tiveram tempo de parar para estudar a fundo o funcionamento da maior criptomoeda no mercado e acreditam se tratar de um golpe, pelo contrário. Entendemos que algumas preocupações surjam por parte do cidadão comum que está tendo seus primeiros contatos com o tema.

Afinal, não seria o bitcoin um ativo meramente especulativo e sem tangibilidade no mundo real?

Qual seria a diferença de um ativo “imaterial” – que depende de novas pessoas se interessando e se dispondo a pagar quantias maiores para se valorizar – para uma pirâmide?

Na verdade, este é outro pensamento comumente levantado e que está totalmente equivocado. Primeiramente, apesar de óbvio, vale ressaltar que qualquer ativo irá naturalmente se valorizar, respeitadas as leis de oferta e demanda, com o interesse de novos indivíduos. Além disso, o BTC tem usabilidade real e não somente especulativa. Este é um ponto bastante interessante pois, aqui, começamos a traçar paralelos entre o mundo descentralizado e o mundo “convencional”.

Antes de mais nada, precisamos dar o braço a torcer: vale ressaltar que o Bitcoin realmente não é fisicamente tangível como a moeda fiduciária.

Convenhamos, no entanto, que isso não é critério suficiente para respaldar nenhuma crítica fundamentada, não é?

Afinal, quando movimentamos dinheiro de nossa conta bancária, a dinâmica é digitalmente e metaforicamente a mesma.

Dito isso, costumo dizer que apesar de não ser tangível como a moeda fiduciária pode ser, o bitcoin possui um lastro substancialmente mais forte e mais robusto do que elas, ao contrário do que o senso comum costuma argumentar.

Está surpreso?

Nós explicamos. Em 1971, Richard Nixon, presidente dos EUA, impôs o fim do padrão ouro-dólar, abandonando o sistema de Bretton Woods e acabando com o lastro das reservas de ouro que respaldavam a moeda. Aliás, diga-se de passagem, temos dois artigos interessantes comparando o BTC com o ouro enquanto reserva de valor. Você pode acessá-los clicando abaixo:

Bitcoin vs. ouro: Afinal, quem vale mais a pena investir? Faz sentido comparar?
Bitcoin inevitavelmente será ouro digital

 

Você não leu errado! Desde então, o único “lastro” da moeda fiduciária passou a ser a confiança no Estado, a palavra dos bancos centrais, que passaram a emitir papel quando por conveniência e sob os pretextos mais diversos possíveis. Não seria, portanto, o sistema financeiro tradicional um esquema muito mais próximo de uma pirâmide por depender inteiramente de um consenso social baseado em confiança e em seguir as regras ditadas por um único órgão?

Em contrapartida, o BTC, enquanto isso, tem um lastro extremamente sólido e palpável, que é a energia elétrica. Para que novos BTC sejam emitidos, são necessários que os mineradores invistam um altíssimo capital financeiro em hardwares de última geração capazes de, a partir do consumo de energia, decifrar um “código” específico correto.

Em outras palavras, de um lado basta a decisão de meia dúvida de engravatados para ligar a impressora e “gerar dinheiro”. De outro, há um esforço computacional descomunal para a geração de novos bitcoins. Qual parece mais tangível e lastreado agora?

Portanto, podemos afirmar que o Bitcoin não é de forma alguma um esquema de pirâmide, o que é reforçado com base em uma série de pilares como:

  1. Dizer que o Bitcoin é um golpe pressupõe que o Bitcoin é apenas uma maneira de ganhar dinheiro fácil, como os esquemas de Ponzi. No entanto, o Bitcoin é muito mais do que isso, sendo respaldado por lastro energético e tendo utilidade real pois:
  2. Permite transações descentralizadas, sem fronteiras e seguras. Você já viajou para o exterior e ficou frustrado porque perdeu muito dinheiro com taxas de câmbio e impostos? O Bitcoin resolve essa questão…
  3. É a criptomoeda mais adotada com o maior valor de mercado.
  4. Você é o proprietário e pode vendê-lo como quiser.
  5. É a tecnologia base para muitos projetos da Web3.

Já sobre as criptomoedas em geral, a usabilidade é ainda mais expandida. Algumas blockchains permitem transações com “esteroides”, mais um motivo pelo qual as criptomoedas não são apenas opções de investimento. Além disso, muitas das blockchains utilizam contratos inteligentes responsáveis por automatizar uma série de processos úteis e práticos, gerando casos de uso interessantíssimos no mundo real. Em suma, este não é um ecossistema meramente especulativo!

 

Isso significa que não há esquemas de pirâmide no mundo das criptomoedas?

Infelizmente, não é bem assim! Primeiramente, vale ressaltar que, como o ecossistema crypto é extremamente recente e utiliza uma tecnologia nova, há muitos golpistas que se aproveitam da ignorância dos indivíduos e utilizam as criptomoedas como pretexto para aplicar golpes.

Promessas de investimento em supostos bitcoins que renderiam 30% fixos ao mês e coisas do gênero não são tão difíceis de achar, o que mancha a imagem do ativo apesar nada ter a ver com isso. Afinal, seria a mesma coisa que prometer retornos fixos sobre investimentos em computadores assim que foram lançados.

I. Caso Onecoin:

No entanto, também há riscos associados ao uso das criptomoedas em si. Hoje, há mais de 26.300 criptomoedas listadas na plataforma coinmarketcap, e ousaria arriscar que mais de 90% delas são frágeis ou configuram alguma forma de “rug pull”, onde os criadores mantêm consigo os maiores percentuais do ativo e, assim que ele começa a subir, despejam na cabeça dos investidores no mercado.

Sendo assim, ainda que este não seja nem de longe o caso do bitcoin, alguns projetos apoiados por criptomoedas são, de fato, esquemas fraudulentos.

E, neste contexto, alguns golpistas exploram a popularidade dessas moedas para financiar projetos que, de fato, são esquemas de Ponzi. Um dos maiores exemplos foi a OneCoin, cujas estimativas mostram que o projeto arrecadou 4 bilhões de dólares americanos.

Em 2022, muitos anos após a revelação do golpe, uma das fundadoras (Ruja Ignatova, conhecida como ‘Cryptoqueen’) foi incluída na lista dos mais procurados do FBI.

É por isso que ressaltamos sempre a importância de investigações profundas e profissionais sobre os protocolos, algo que fazemos com dedicação e atenção máximos aqui no Hub do Investidor!

 

A OneCoin, por exemplo, apresentava algumas “red flags” como o fato de que novos investidores (base da pirâmide) não podiam comprar moedas diretamente, sendo obrigados a comprar materiais educacionais contendo tokens para minerar as moedas virtuais. Além disso, pessoas no nível intermediário da pirâmide ganhavam comissões ao atrair novas pessoas para o projeto e apenas a “alta administração” (topo) lucrava realmente com os investimentos dos novos membros.

bitcoin é pirâmide e o Caso Onecoin

 

II. Caso Bitcoin Savings and Trust (BTCST):

Como mencionamos, o Bitcoin não é um esquema de pirâmide, o que não significa que alguns golpistas não possam usá-lo como base e pretexto para aplicar tais esquemas. Em um comunicado à imprensa em 2013, a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) informou que o BTCST arrecadou cerca de 700.000 BTC (US$ 4,5 milhões à época com base no preço médio de 2011) entre 2011 e 2012.

O fundador do projeto, Trendon Shavers, prometia aos investidores até 7% de juros semanais (28% ao mês) com base em atividades de arbitragem, que consiste na prática de negociar moedas entre exchanges para aproveitar diferentes valores. Por exemplo, se o BTC fosse negociado por US$ 22.900 na Binance e US$ 23.000 na Kraken, comprá-lo na primeira corretora e vendê-lo na segunda geraria um lucro de US$ 100.

No entanto, na realidade, Shavers usou a maior parte dos BTCs para pagar os saques dos investidores. O restante ele transferiu para sua conta e vendeu para pagar o aluguel, as contas de serviços públicos, as despesas relacionadas ao carro, etc. Assim, os bitcoins dos novos integrantes foram usados para gerar lucros e pagar despesas pessoais dos membros antigos. Desta forma, ainda que não tenha nada a ver com o golpe, o BTC foi a moeda utilizada para tal, assim como o Real é utilizado nos lucros de esquemas ponzi mais tradicionais.

 

Como investir em Bitcoin com segurança?

Como você pode ver, existem semelhanças entre muitos desses golpes. A SEC dos EUA recomenda estar ciente de alguns red flags comuns antes de investir em um projeto:

  1. Promessa de altos retornos com pouco ou nenhum risco: toda opção de investimento envolve riscos, mesmo aquelas consideradas seguras. Portanto, não acredita em promessas de retornos garantidos e seja extremamente cauteloso!
  2. Retornos excessivamente consistentes: os retornos de investimento dependem de muitos fatores, tornando desafiador manter consistência por um longo período. O normal é que os retornos flutuem ao longo do tempo!
  3. Dificuldade em receber pagamentos: no caso da OneCoin, apenas o topo da pirâmide recebia lucros dos investimentos, e os afiliados recebiam apenas comissões por adicionar novos membros. Outros projetos enfrentaram “dificuldades técnicas” quando as pessoas tentaram sacar seus investimentos.
  4. Investimentos não registrados / Vendedores não licenciados: devido à natureza dos esquemas de Ponzi, eles geralmente não são registrados nos órgãos reguladores de valores mobiliários e seus fundadores geralmente não possuem as licenças adequadas para administrar os investimentos. Por este motivo, sempre defendemos que seja feita uma regulação bem feita que fomente a tecnologia e coíba as fraudes.

Recomendamos a leitura de nosso artigo completo sobre como se prevenir de golpes no mercado crypto:

Golpes com Criptomoedas: 11 Recomendações para sua segurança!

 

 

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Caio Goetze

Formado em Direito pela PUC-RJ e pós-graduando em Direito Digital pelo Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS) em parceria com a UERJ, conta com 3 anos de experiência e diversos cursos de formação acadêmica de bagagem no “criptomercado”.

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