A análise técnica consiste na prática de examinar eventos anteriores do mercado como forma de tentar prever tendências futuras com base na ação de preços dos ativos. Seja nos mercados tradicionais ou no mercado de criptomoedas, os investidores possuem uma ampla gama de indicadores e ferramentas em suas mãos para ajudar nessas análises, sendo uma das mais conhecidas delas o Índice de Força Relativa (IFR).
Como surgiu o Índice de Força Relativa?
O Índice de Força Relativa (IFR), ou Relative Strength Index (RSI), em inglês, é um indicador de análise técnica desenvolvido no final dos anos 1970 por J. Welles Wilder Jr e apresentado ao mundo por meio de seu livro “New Concepts in Technical Trading System”, em conjunto com outros indicadores técnicos como o Parabolic SAR, Average Directional Index, entre outros.
O interessante é que, antes de se tornar analista técnico, Wilder trabalhou como engenheiro mecânico e incorporador imobiliário. Posteriormente, começou a negociar ações em 1972, mas não obteve sucesso inicialmente, fato que o motivou a realizar pesquisas e, anos depois, compila-las em fórmulas matemáticas e indicadores, confeccionando o livro em apenas seis meses e fazendo com que os diversos indicadores viessem a ser adotados por traders do mundo todo.
O que é IFR? Como calculá-lo?
Por padrão, tradicionalmente, o IFR é responsável por medir as mudanças no preço de um ativo em 14 períodos (Por exemplo: 14 dias em gráficos diários, 14 horas em gráficos horários, 14 meses em gráficos mensais, e assim por diante). Portanto, a fórmula divide a valorização média que o preço teve ao longo desse tempo pela perda média que sofreu e, em seguida, plota os dados em uma escala de 0 a 100.
RSI = 100 – [100/(1 + RS)]
RS = Valorização média/Perda média
Valorização média = soma do ganho por período (Por exemplo, em 14 dias)
Perda média = soma da perda por período (Por exemplo, em 14 dias)
Vale ressaltar que esta é a forma com que ele foi originalmente configurado, mas nada impede que esse prazo temporal possa ser estendido ou reduzido para se adequar ao horizonte de investimento e análise do trader, aumentando ou diminuindo sua “sensibilidade”. Por exemplo, um RSI de 7 dias é bem mais sensível aos movimentos de preço do que um RSI de 28 dias.
Em outras palavras, de forma mais direta, podemos dizer que o Índice de Força Relativa é um indicador que mede o “momentum” e a velocidade com que o preço de uma criptomoeda está se movendo, ajudando a identificar tendências de mercado.
Quando o “momentum” aumenta e o preço está subindo, isso indica que a criptomoeda está sendo comprada ativamente no mercado. Já se o momentum estiver em trajetória descendente, indica que a pressão vendedora está aumentando. Isso nos leva ao próximo ponto.
Como interpretar o Índice de Força Relativa (IFR)?
O IFR é comumente utilizado para identificar tendências gerais do mercado, ajudando o trader a verificar se o ativo está sendo excessivamente comprado, excessivamente vendido ou nenhum dos dois. Essas percepções são extraídas a partir de dois principais patamares do IFR: o 70 e o 30.
Quando a pontuação do Índice de Força Relativa se encontra em 30 ou abaixo disso, costuma indicar que o ativo está perto de seu fundo, estando muito sobrevendido.
Já quando essa medição se encontra acima de 70, indica que o preço do ativo está provavelmente próximo de sua máxima, estando muito sobrecomprado.
Em suma:
RSI ≥ 70: Ativo em sobrecompra
RSI ≤ 30: Ativo em sobrevenda
Sendo assim, a maneira mais elementar de muitos traders negociarem utilizando o IFR consiste, justamente, em comprar o ativo quando ele se encontra em sobrevenda e vende-lo quanto está em sobrecompra.
Isso acontece porque quando um ativo está sobrecomprado, há um claro sinal de que pode haver uma tendência de baixa iminente já que a força de compra está se esgotando. Já quanto o ativo está sobrevendido, pode haver uma iminência de alta pelo motivo contrário.
Há também quem interprete que o cruzamento da linha média (50) do IFR indica o início de uma nova tendência. Assim, quando o IFR acaba de cruzar para cima de 50, uma tendência de alta pode estar se formando.
Já quando cruza para baixo de 50, uma tendência de baixa pode estar começando. Esta é uma interpretação bem menos utilizada do Índice de Força Relativa que é chamada de “cross-trading da linha média”, mas a maior parte dos traders costuma mesmo se atentar ao 30 e 70. Há, também, quem prefira ajustar o “30 e 70” para “20 e 80”.
No entanto, além das pontuações do IFR em 30 e 70 sugerindo, respectivamente, condições de mercado potencialmente sobrevendidas e sobrecompradas, os traders também costumam usar o Índice de Força Relativa para tentar prever com mais assertividade as reversões de tendência ou identificar níveis de suporte e resistência.
Para isso, procuram por sinais de “divergência bullish” ou “divergência bearish”.
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Divergências Bullish: acontecem quando o preço de tela do ativo está caindo e formando mínimas cada vez mais baixas, enquanto a pontuação do IFR está aumentando e criando mínimas cada vez mais altas, indicando uma divergência de alta (“bullish”) e demonstrando que a força de compra está ficando cada vez mais forte apesar do preço ainda não refletir essa realidade.
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Já as divergências Bearish: são justamente o contrário. Acontecem quando o preço de tela do ativo está subindo e formando mínimas cada vez maiores, enquanto a pontuação do IFR está caindo e formando mínimas cada vez menores, configurando uma divergência que indica que a força de venda está ficando mais forte.
Vale ressaltar, no entanto, que estes aspectos citados no artigo jamais devem ser observados isoladamente!
É necessária uma leitura ampla e integrada de indicadores para extrair percepções mais assertivas. Essas divergências do IFR não costumam ser tão confiáveis em tendências fortes de mercado. Assim, por exemplo, uma tendência de baixa pode apresentar muitas divergências de alta antes que o fundo macro do mercado seja realmente atingido e formado.
Da mesma forma, o alcance do Índice de Força Relativa em patamares superiores a 70 ou inferiores a 30 não necessariamente indicam que o esgotamento da força compradora/vendedora acontecerá em breve.
Por vezes, o indicador pode perdurar por meses dentro dessas regiões. No entanto, quando os indicadores acabam de sair desses patamares, podem fornecer percepções mais assertivas sobre o futuro da tendência.
