O que é Bitcoin?

o que é Bitcoin

Ao final da leitura deste artigo você irá entender os seguintes pontos:

 

IDEOLOGIA DO BITCOIN

Em cada queda pontual e em cada ciclo de baixa, as manchetes das matérias jornalísticas se repetem e decretam: “É o fim do Bitcoin”. No entanto, não se assustem. De acordo com esses portais, o Bitcoin costuma morrer, em média, 44 vezes por ano, mas segue passando super bem. Diria até que melhor do que nunca. 

Não é incomum, também, ouvirmos amigos, familiares e conhecidos associando erroneamente o ativo a esquemas de pirâmide e golpes financeiros aplicados por pessoas mal-intencionadas. Está tudo certo, eles não têm culpa. A falta de conhecimento acaba impulsionando conclusões precipitadas nesse sentido, sem perceber que, na verdade, a pirâmide mesmo é a da desinformação.

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Entender como esse ecossistema funciona e analisar o cenário dos cripto ativos podem parecer tarefas bastante complexas em um primeiro momento, principalmente em razão do enorme número de projetos existentes. É por isso que eu proponho o seguinte exercício: Ignore todo o resto e foque somente no Bitcoin

Ao final desse processo, aqueles que dedicarem tempo e mantiverem a cabeça aberta, provavelmente sairão tendo uma outra perspectiva. Como ensina a conhecida adaptação da frase de Oliver Wendell Holmes Sr: “a mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original”. Não, não foi Einstein que disse.

Assim como a Netflix revolucionou o mercado de aluguel de filmes, como a Uber revolucionou o transporte de passageiros e como a Amazon revolucionou o comércio varejista, o Bitcoin representa a disrupção do dinheiro e do sistema financeiro tradicional na forma como conhecemos hoje. 

Bitcoin representando a disrupção do dinheiro e do sistema financeiro tradicional

A descrença social em sistemas, bancos e governos centralizados fez eclodir um “boom” dos movimentos “cypherpunks”, que lutam pela liberdade e autonomia dos indivíduos a partir da criptografia. Em grande parte, essa descrença foi fomentada pelas crises e fracassos dos governos e da moeda fiduciária tradicional ao decorrer dos anos:

 

  1. Bolha das Tulipas na Holanda do século XVII
  2. Bolha dos Mares do Sul na época das Grandes Navegações
  3. Crise de Wall Street em 1929
  4. Bolha da internet nos anos 90
  5. Crise das hipotecas subprime em 2008

 

Enquanto os governos administravam os recursos financeiros de forma questionável durante a crise com as hipotecas subprime nos Estados Unidos, em 2008, injetando bilhões de dólares para salvar os bancos – sendo que grande parte desses recursos serviu para pagar os bônus de executivos – famílias estavam desamparadas nas ruas. O descontentamento popular com o sistema vigente talvez tenha chegado, ali, ao seu ápice.

No mesmo ano, surge para o público uma figura misteriosa: Satoshi Nakamoto, pseudônimo do criador do Bitcoin cuja identidade não é conhecida até hoje. Em outubro, Satoshi publicava um artigo intitulado: “Bitcoin: A Peer-to-Peer Electronic Cash System”, estabelecendo as bases para a criação de um sistema de dinheiro eletrônico seguro, descentralizado e ponto-a-ponto, isto é, sem intermediários e livre do controle de instituições e governos.

Para que isso fosse possível, ele propôs o uso de uma rede distribuída utilizando tecnologia blockchain, além de conceitos de criptografia, “hashing” e “proof-of-work”, que resolvia questões antigas relacionadas à problemas de “gasto-duplo” gerados com o uso de  soluções de pagamentos digitais oriundas do aumento da globalização. Em 2009 a rede Bitcoin já começava a funcionar e, em 2010, foi realizada a primeira compra utilizando o ativo.

Sendo assim, desde então, o Bitcoin tem o objetivo de superar os problemas das falhas de sistemas centralizados, garantir uma rede segura, preservar a autonomia e o anonimato dos usuários, facilitar trocas comerciais ao eliminar as barreiras geográficas e acabar com os intermediários do processo, reduzindo burocracias e custos. Tudo isso graças à tecnologia empregada em seu funcionamento. 

Se você acha que tudo isso é muito intangível e desconexo da realidade, saiba que Malta, ainda em 2013, passava por uma crise muito parecida com o Brasil da década de 1990, ameaçando confiscar as poupanças populares. Nesse momento, cidadãos começaram, em massa, a pegar suas reservas e comprar bitcoins como proteção patrimonial. Considera-se essa a primeira vez na história em que o ativo foi usado para esse fim.

Percebemos, assim, que o Bitcoin representa muito mais do que somente uma inovação no sistema financeiro e no futuro do dinheiro, o que já teria um significado tremendo dado o vespeiro em que se propõe a mexer. No entanto, representa também uma ideologia libertária que prega, antes de tudo, a autonomia, liberdade e independência do indivíduo. Mas, por falar em dinheiro…

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BITCOIN É DINHEIRO?

Antes de entrar nessa questão, precisamos fazer um adendo. A essa altura, talvez você esteja se perguntando o motivo pelo qual algumas vezes encontrou a palavra “Bitcoin” com “B” maiúsculo” e “bitcoin”, com “b” minúsculo. A diferença é conceitual e em muitos momentos vemos a utilização dos dois termos de forma indistinta. No entanto, “Bitcoin” se refere à rede distribuída que utiliza tecnologia blockchain, enquanto “bitcoin” (BTC) se refere ao ativo nativo da rede. 

Dito isso, as principais funções, do ponto de vista econômico, que devem ser atendidas para que um ativo seja considerado uma moeda, são: 

  1. Unidade de conta ou medida de valor
  2. Meio de troca ou pagamento.
  3. Reserva de valor

 

É indiscutível que o bitcoin funciona como “unidade de conta”. Além disso, são particularmente bons como “meio de troca e pagamento”, possuindo diversas características de permutabilidade relevantes, pré-requisitos para que sejam considerados, não só um bom dinheiro, mas também para que apresentem vantagens competitivas em relação à moeda fiduciária. Vamos à algumas características:

 

  1. Divisibilidade: Pelo fato de serem digitais, a divisibilidade dos bitcoins é extremamente facilitada em comparação com a de qualquer bem de natureza física, como o ouro. Já as moedas fiduciárias, quando digitalizadas, são tão divisíveis quanto o bitcoin, na melhor das hipóteses. No entanto, no caso delas, há controle e centralização.
  2. Armazenamento: Bitcoins podem ser armazenados com baixo custo para uso futuro, seja por meio de carteiras “frias” ou carteiras “quentes”, de maneira muito facilitada e de formas diversas, mantendo você mesmo a custódia dos seus ativos. 
  3. Transportabilidade e velocidade: Também em função de sua natureza digital, bitcoins podem ser enviados para qualquer lugar do mundo e liquidados rapidamente, evitando taxas desnecessárias que hoje são pagas a intermediários. Essa transação ocorre de maneira bastante rápida e efetiva.
  4. Registro e transparência: Se, por um lado, a blockchain garante o anonimato do usuário, por outro, faz com que o bitcoin tenha todo seu histórico de trocas armazenado indefinidamente e indiscutivelmente.
  5. Escassez: Os bitcoins tem um limite de fornecimento máximo restrito à 21 milhões de unidades, garantindo que a permutabilidade do ativo nunca seja diluída e conferindo um caráter deflacionário a ele.

 

Além de tudo, diferentemente do dinheiro tradicional, bitcoins são autênticos e não podem ser falsificados e, diferentemente do que pensa o senso comum, as transações podem ser rastreadas nesse histórico mantido pela blockchain. Conclui-se, portanto, que preenchem muito bem os dois primeiros pré-requisitos necessários. 

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BITCOIN: RESERVA DE VALOR DIGITAL OU ATIVO DE RISCO?

Como dito, o bitcoin tem um cronograma de fornecimento total de moedas limitado a 21 milhões de unidades. Estes bitcoins vão sendo gerados por meio de um processo bastante conhecido, chamado popularmente de “mineração”, que recompensa os mineradores por seu trabalho. 

bitcoin é reserva de valor digital ou ativo de risco

Diferentemente do sistema monetário tradicional, onde os governos imprimem dinheiro indiscriminadamente, o bitcoin reduz essa emissão a cada 4 anos, derrubando sua taxa de inflação e, portanto, sendo considerado deflacionário. A escassez torna o bitcoin único até mesmo quando comparado ao ouro, cujo suprimento final ainda não conhecemos de fato.

Essa escassez, aliada à durabilidade do ativo, à segurança garantida pela impossibilidade de falsificação e à portabilidade do bitcoin o colocam em um excelente rumo na direção de uma reserva de valor. Mas neste momento você deve estar se perguntando: “Mas e a volatilidade do preço?”.

Realmente, muita gente argumenta que a variação abrupta do preço do ativo quebraria a possibilidade de cumprir com o pré-requisito da reserva de valor. No entanto, ao traçarmos um comparativo com a moeda fiduciária em momentos inflacionários, também veremos essa alta volatilidade.

A título de exemplo, na década de 1950 o Brasil começou a sofrer com o aumento da inflação, vendo o poder de compra da moeda cair fortemente e comprometer, de acordo com essa narrativa, sua função de reserva de valor, desagregando as funções da moeda. Não à toa, com o pico de inflação em 1964 alcançando 92.1%, é criado o Banco Central no intuito de controlar os desajustes.

O ouro também sofreu variações de preço significativas e rápidas nos últimos cem anos e, assim como o bitcoin, elas foram majoritariamente positivas. Em 1934, a onça do ouro saltou, em um dia, de US $20 para US $35, significando um aumento expressivo de 75%. Entre 1973 e 1980, subiu mais de 700% e, dois anos depois, caiu 50%.

O Bitcoin ainda é extremamente novo. Quem está entrando agora ainda é considerado definitivamente um “early-adopter”, tendo em vista que uma parcela ínfima do da população no mundo investe e adere aos cripto ativos. Aliás, começamos o texto falando justamente sobre a incompreensão sofrida por eles.

Como esperar estabilidade em um momento histórico de sua trajetória onde as pessoas primeiro escutam, depois rechaçam, se assustam, tentam entendê-lo e, aí sim, percebem a disrupção, passando a se sentir confiantes para entrar e participar do processo? É natural que leve algum tempo de maturação. Afinal, são “só” 14 anos de existência e muitos empecilhos para enfrentar.

O bitcoin iniciou essa corrida do zero e passou por um processo inevitável contra a descrença geral, assim como a internet foi ridicularizada em seu início, momento muito bem representado pelo famoso vídeo da entrevista de Bill Gates no David Letterman Show em 1995. Com uma adoção cada vez maior por parte dos investidores institucionais e do consumidor de varejo, o ativo caminha para uma consolidação enquanto reserva de valor de maneira definitiva. 

Ao entender a tecnologia empregada, os impactos da revolução que isso trará à sociedade no decorrer do tempo e a filosofia por trás de tudo, é extremamente empolgante e inevitável querer fazer parte desse processo. Bitcoin é muito mais do que dinheiro, é revolução e ideologia.

 

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Caio Goetze

Formado em Direito pela PUC-RJ e pós-graduando em Direito Digital pelo Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS) em parceria com a UERJ, conta com 3 anos de experiência e diversos cursos de formação acadêmica de bagagem no “criptomercado”.

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