Por que os preços das commodities agro tem caído em 2023?

preços das commodities

A queda nos preços das commodities agro em 2023 pode deixar investidores e novos participantes do setor com uma pulga atrás da orelha.

Houve uma redução de 18,3% no preço do boi gordo, 15,1% no bezerro, 33,4% no milho e 28,6% na soja, itens essenciais para o PIB agropecuário e para as exportações brasileiras. No entanto, o índice de alimentos da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) revela uma diminuição de 21% nos preços globais em comparação ao ano anterior, evidenciando que estamos diante de uma queda significativa e generalizada que não está restrita apenas ao Brasil.

Por aqui, quando analisamos a situação do país internamente, fica claro que havia uma oferta maior e mais consistente desses produtos, situação que pode começar a ver indícios de reversão com uma oferta mais restrita.

No caso da pecuária, uma das causas dessa oferta elevada que vinha sendo vigente, foram os preços elevados em 2020 e 2021 que incentivaram os produtores a manter as fêmeas nas fazendas, o que é totalmente esperado dentro do conceito do famoso ciclo pecuário.

Uma medida prática que demonstra essa realidade é o aumento de aproximadamente 25% no abate de bovinos no Brasil em comparação ao ano anterior. Essa é uma indicação concreta de que há mais oferta disponível atualmente e de que não se trata apenas de especulação.

gráfico mostrando abate de bovinos e preços das commodities

 

No caso dos grãos, a situação é semelhante: houve um crescimento de quase 5% na área plantada neste ano, com uma produtividade satisfatória devido às condições climáticas favoráveis no Centro-Oeste. Isso resultou em uma produção quase 16% maior. Mais uma vez, vemos uma oferta adicional e relevante chegando ao mercado.

Por fim, para fornecer uma resposta ponderada, é necessário analisar também o lado da demanda. Neste aspecto, sabemos que a demanda, especialmente por carne bovina, depende diretamente do nível de emprego e renda para que a população consiga acessar esses produtos.

Dito isso, é importante frisar que a taxa de desemprego encerrou o mês de abril em 8,5%, o mais baixo desde 2015, enquanto a inflação acumulada nos últimos 12 meses está em 3,94%, a menor desde janeiro de 2021. Essa lógica faz todo o sentido, uma vez que a mudança na demanda leva tempo para se desviar de seu curso original e encontrar uma nova direção.

Além disso, é crucial ressaltar que os preços exorbitantes das commodities em 2020 e 2021 atuaram como um catalisador para o aumento da produção, gerando um crescimento substancial sem que a demanda acompanhasse na mesma proporção.

Portanto, hoje nos deparamos com uma situação em que há uma oferta ampliada e uma demanda mais contida.

Outro fator relevante é que as commodities, especialmente as alimentos e produtos agrícolas, possuem uma demanda relativamente inelástica, uma vez que as necessidades básicas de alimentação não podem ser facilmente substituídas.

Dessa forma, qualquer aumento significativo na oferta, aliado a uma demanda menos flexível, acaba exercendo uma influência significativa nos preços.

No contexto recente, essa combinação de fatores – aumento da oferta devido a incentivos de preços anteriores e uma demanda que requer tempo para se ajustar – tem contribuído para a queda acentuada nos preços dos produtos agropecuários. Como vimos, essa tendência não se restringe apenas ao cenário brasileiro, como evidenciado pela queda global de 21% nos preços dos alimentos, de acordo com a FAO.

É importante ressaltar que essa análise busca fornecer uma visão abrangente do panorama, considerando tanto os fatores de oferta quanto os de demanda. Embora existam outras variáveis em jogo, como políticas governamentais e mudanças climáticas, a relação entre oferta e demanda desempenha um papel fundamental na dinâmica dos preços agropecuários.

Portanto, a compreensão desses fatores e suas interações é essencial para uma análise do mercado agro mais precisa!

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Caio Goetze

Formado em Direito pela PUC-RJ e pós-graduando em Direito Digital pelo Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS) em parceria com a UERJ, conta com 3 anos de experiência e diversos cursos de formação acadêmica de bagagem no “criptomercado”.

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