Na última semana tivemos reunião de vários bancos centrais ao redor do mundo decidindo suas respectivas políticas monetárias, em especial merece destaque a atuação do Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos, que é o de maior importância sistêmica para a economia global.
Apesar do banco central não ter aumentado as taxas de juros, que continuam oscilando dentro do intervalo de 5,25% e 5,50%, o comunicado de anúncio da decisão, bem como a conferência que o seu presidente, Jerome Powell, foram bem mais “hawkishs” do que o mercado imaginava, tendo inclusive anunciado que podem aumentar os juros ainda neste ano, diminuindo a estimativa de queda para 2024.
Isso fez os mercados de ações caírem de forma relevante e as taxas de juros de longo prazo dos Estados Unidos subirem ainda mais, alçando um patamar de cerca de 4,48%, o maior visto em várias décadas, o que cria inúmeros desafios e oportunidades para os investidores globais.
Com isso, apesar de todos os olhos terem se voltado para as recentes quedas dos mercados de ações após a indicação do Federal Reserve de que manterá as taxas de juros mais altas por mais tempo, há outra faceta do cenário financeiro que certamente merece a consideração dos investidores.
Nos últimos anos, os títulos de renda fixa resistiram a sua parcela justa de desafios, passando por um período notável de vários anos de rendimentos mais baixos, principalmente devido às taxas de juros líquidas zero na maioria das economias desenvolvidas, e várias vezes, inclusive, negativas, o que absolutamente não é atrativo para os investidores.
No entanto, como os rendimentos permanecem teimosamente altos em consequência do quadro macroeconômico atual e como o cenário do mercado de ações parece cada vez mais incerto, esses ativos aparentemente negligenciados podem voltar a ser uma opção atraente para os investidores que buscam a garantia de retornos seguros e de longo prazo.
Existe uma correlação inversa entre o rendimento que as taxas de juros de 10 anos pagam aos investidores e o preço desses títulos. Ou seja, à medida que essa taxa sobe, como vem ocorrendo ao longo dos anos recentes (gráfico acima), o preço desse ativo cai. Porém, a dinâmica observada nos anos anteriores é a contrário: esses títulos remunerando de forma adequada os investidores (tabela abaixo).
Existem alguns fatores que dão alguns indicativos de que essa classe de ativo pode voltar a se valorizar ao longo dos próximos trimestres:
- O enfraquecimento da economia no longo prazo: É provável que uma ampla desaceleração econômica atinja os EUA e a Europa em 2024. (Historicamente, os títulos têm tido um bom desempenho nessas situações).
- Desaceleração da inflação, apesar da recente recuperação: O BCE parece já ter chegado a um ponto de inflexão, e o Fed prometeu manter as taxas mais altas por mais tempo. Dificilmente veremos as taxas subirem muito mais a partir daqui.
Vale a pena observar que há uma desconexão perceptível nos cenários macroeconômicos e nas avaliações relativas quando comparamos os títulos de renda fixa com o mercado de ações neste momento (gráfico abaixo) Normalmente, essas divergências tendem a se autocorrigir, pelo menos até certo ponto, com o tempo.
Isso não significa que você deva ter pressa para comprar títulos com duração de 50 anos. Em vez disso, uma boa pode ser uma abordagem prudente de considerar a extensão da duration dos títulos em seu portfólio de investimentos, principalmente se você tiver uma perspectiva de longo prazo.
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Quando se olha para trás na história, as avaliações atuais são bastante intrigantes, o que poderia tornar os portfólios equilibrados entre ações, renda fixa de curto, médio e longo prazo bastante atraentes novamente, como foi a dinâmica dos anos anteriores à pandemia.
Dessa forma, dada a possibilidade iminente de uma fase prolongada de taxas de juros elevadas, é aconselhável que os investidores revisem cuidadosamente suas estratégias de investimento.
Os títulos de renda fixa, tradicionalmente considerados como uma opção conservadora, podem se restabelecer como um símbolo de confiabilidade e estabilidade em uma economia global marcada por incertezas persistentes. Um princípio fundamental do investimento bem-sucedido envolve não apenas prever as mudanças do mercado, mas também se ajustar a elas.
Os títulos de renda fixa, apesar dos desafios recentes, podem voltar a ser a pedra angular de um portfólio de investimentos diversificado e robusto, oferecendo tranquilidade e a perspectiva de segurança financeira sustentada no longo prazo.
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