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Como está o nível de dívida pública das economias mundiais?

Um dos assuntos que mais preocupam vários economistas e analistas de mercado, atualmente, é o cenário de dívida pública para as principais economias, em especial alguns países da Zona do Euro (como Itália, Portugal, Espanha e França) e os Estados Unidos

A dívida global total é de quase US$ 305 trilhões no primeiro trimestre de 2023, ao passo que em 2018 era de cerca de US$ 250 trilhões e em 2015 de cerca de US$ 215 trilhões, mostrando que o endividamento global vem avançando de forma acelerada.

Nos próximos cinco anos, projeta-se um salto ainda maior – levantando preocupações sobre a alavancagem do governo em uma alta taxa de juros e um ambiente de crescimento mais lento. Isso tudo são elementos que deixam os investidores receosos com a tomada de risco, uma vez que pode comprometer a saúde financeiro do país.

À medida que a dívida global continua a subir, os gráficos abaixo mostram dados e projeções para a relação dívida pública/PIB usando o World Economic Outlook (Atualização de abril de 2023) do FMI.

Depois de aumentar constantemente por anos, a dívida dos governos aumentou para quase 100% do PIB em 2020. Embora essa proporção tenha caído em meio a uma recuperação econômica e alta inflação em 2021 e 2022, projeta-se que ela recupere terreno e continue subindo, atingindo tal patamar em 2027.

A dívida do governo mundial está agora projetada para aumentar para 99,5% do PIB até 2027. Aqui estão os dados que remontam a 2005, bem como a previsão da dívida pública global em relação ao PIB, segundo dados do próprio FMI.

gráfico mostrando a previsão da dívida pública global em relação ao PIB, segundo dados do próprio FMI

 

A dívida aumentou acentuadamente em 2020 e 2009 em conjunto com as recessões econômicas. Historicamente, os níveis de dívida em relação ao PIB tendem a aumentar  de 4% a 15% nos cinco anos após o término de uma recessão global.

Isso ocorre porque, desde o crash de 1929, a narrativa econômica que mais ganhou força foi a teoria keynesiana, que defende que, em momentos de crise, os governos deveriam adotar medidas anticíclicas para estimular a economia e não deixar o país afundar nas recessões.

A forma mais direta de se fazer isso é através do aumento dos gastos públicos, para promoção de investimentos, que são custeados através do aumento do endividamento, sendo justamente essa a medida adotada por vários países pós crise de 2008 e durante o Covid.

Nos EUA, a dívida pública em relação ao PIB deve atingir um recorde de 134% até 2027. O forte aumento nas taxas de juros está aumentando os custos líquidos do serviço da dívida, que chegaram a US$ 475 bilhões no ano passado. Nos próximos 10 anos, os custos líquidos de juros sobre a dívida dos EUA devem totalizar US$ 10,6 trilhões.

Atualmente, esse já é um receio que abate os mercados, uma vez que o governo dos EUA está gastando cerca de US$ 1 trilhão somente para fazer a rolagem do seu endividamento, sendo esse um dos motivos que levaram a Fitch a rebaixar a nota de classificação de risco do país de AAA para AA+.

A dívida da China também aumentou rapidamente e está projetada para eclipsar 100% até 2026. A dívida pública como porcentagem do PIB deve aumentar quatro vezes entre 2005 e 2027. Só neste ano, a nova emissão de dívida do governo chinês deve atingir níveis recordes. Grande parte dessa dívida consiste em títulos de infraestrutura focados em impulsionar a economia.

Abaixo, mostramos como as relações dívida pública/PIB para economias avançadas se comparam com mercados emergentes e países de baixa renda. Tanto os EUA quanto a China estão excluídos aqui:

gráfico mostrando as relações dívida pública/PIB para economias avançadas se comparam com mercados emergentes e países de baixa renda

 

Em um recuo do patamares de 2020, a dívida pública deve cair significativamente em comparação com o PIB até 2027 para as economias avançadas, excluindo a América. Os mercados emergentes também devem ver esse índice de alavancagem diminuir futuramente.

Os países de baixa renda têm níveis de dívida menores em comparação com a produção, o que deve continuar nos próximos cinco anos. Apesar disso, 39 desses países estão com problemas de endividamento – ou estão próximos disso – já que as altas taxas de juros aumentam a pressão sobre os balanços dos governos.

A boa notícia é que se prevê que 60% das economias verão seus índices de dívida pública em relação ao PIB cair abaixo dos picos da COVID-19 até 2027.

Por outro lado, projeta-se que muitas grandes economias avançadas e emergentes, incluindo China, Brasil, Japão e Turquia enfrentem dívidas mais acentuadas. Nos EUA, os pagamentos da dívida pública atingiram níveis recordes devido ao aumento das taxas de juros.

Isso ocorre porque o envelhecimento da população, o crescimento econômico mais lento e os custos com saúde estão pressionando os gastos do governo, uma tendência observada em muitas economias avançadas.

Os países com crescimento econômico acelerando mais rapidamente do que as taxas de juros reais podem ter maior probabilidade de sustentar altos níveis de dívida. Mas a inflação persistente, levando a taxas de juros mais altas, provavelmente tornará essas pilhas de dívidas ainda mais frágeis.

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AndreTavares

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