O bitcoin (BTC) tem cada vez mais se consolidado como um investimento altamente atrativo, não só por investidores de varejo mas também por investidores institucionais, significando para muitos uma espécie de ouro digital.
A adoção segue a todo vapor, e grandes empresas como Microstrategy, Tesla e Square já possuem BTC em seus patrimônios.
Mas são só elas? O que ainda é necessário antes que o bitcoin se torne um ativo central na macroeconomia global?
Bem, essa restrição acontece porque nem todos conseguem investir no ativo. Algumas grandes corporações e indivíduos só conseguem participar do mercado de maneira altamente regulamentada. Por isso, muitos acreditam que os Bitcoin Exchange-Traded Funds (ETF) podem ser a solução para este problema. Neste artigo iremos discorrer um pouco sobre o que são os ETF de Bitcoin e como estes funcionam.
O QUE É ETF DE BITCOIN? COMO FUNCIONA?
Antes de mais nada, um ETF é um fundo negociado em bolsa, como o próprio nome “Exchange-Traded Fund” sugere. Ou seja, consiste em um fundo de investimento que acompanha o preço de um ativo subjacente. Em outras palavras, podemos dizer que o ETF é um tipo de título que “rastreia” e acompanha o preço de um índice, commodity, setor ou outros ativos, podendo ser comprados e vendidos em uma bolsa de valores da mesma forma que ações.
Com isso, investidores conseguem diversificar seus investimentos sem realmente possuírem o ativo em si. Eles existem em diversos setores e classes de ativos diferentes, como por exemplo os ETFs de ouro, que existem há décadas. No caso do BTC, não é diferente, e o Bitcoin ETF é simplesmente um exchange traded fund que consiste em bitcoins ou ativos vinculados ao preço do bitcoin. Isto significa que, além do bitcoin, um Bitcoin ETF pode conter uma cesta de ativos, incluindo Ethereum, ações da Tesla e ouro, por exemplo.
Como ETFs são produtos financeiros regulamentados, então os ETFs de bitcoin e de outras criptomoedas são negociados em mercados tradicionais como NASDAQ ou New York Stock Exchange (NYSE), e não em corretoras de criptomoedas.
Normalmente, quando as pessoas mencionam ETFs de bitcoin, geralmente se referem aos mercados dos EUA. No entanto, existem ETFs em muitos mercados diferentes. Por sinal, o primeiro ETF de bitcoin, o Purpose Bitcoin ETF, foi lançado em fevereiro de 2021 no mercado de ações canadense e negociado na Bolsa de Valores de Toronto sob o ticker BTCC.
Nos EUA, vimos a SEC aceitando um pedido para listar o ProShares Bitcoin Strategy ETF (BITO) na Nyse apenas em outubro de 2021. Antes disso, os pedidos de registro eram reiteradamente rejeitados devido á volatilidade e à natureza não regulamentada do BTC. Ainda que as preocupações fossem válidas, também seriam aplicáveis a muitos outros mercados financeiros que possuem ETC.
Grande parte das soluções para os problemas encontrados pelo BTC para que fosse tido como uma classe legítima de macroativos foi construída no último mercado de baixa. Na época, caso a Microstrategy quisesse comprar bilhões em BTC, teria encontrado extrema dificuldade para tal. Agora, tanto a infraestrutura quanto a liquidez estão prontas para investimentos massivos. Você pode acompanhar os ETFs clicando aqui.
Veja também: ETF: o que é e quais os custos para investir?
O QUE É UM ETF DE FUTUROS DE BITCOIN? COMO FUNCIONA?
Nem todos os ETFs de bitcoin são apoiados por BTCs mantidos em carteiras, também conhecidos como ETFs “físicos” de bitcoin. Muitos ETFs, na verdade, usam contratos futuros de BTC como seus ativos subjacentes. Até agora, a SEX tem privilegiado ETFs de futuros vinculados ao Chicago Mercantile Exchange’s (CME) Bitcoin futures, um título financeiro regulamentado.
Ou seja, neste caso, podemos dizer que a maioria dos ETFs de bitcoin apenas rastreia os preços do ativo sem ter de fato bitcoins “fisicamente” na carteira, funcionando por meio de contratos futuros. Para quem não sabe, “Futuros” são contratos que permitem a compra ou venda de um ativo a um preço predeterminado, possibilitando que você possa comprar o ativo abaixo ou acima do preço de mercado atual na data de vencimento do contrato (ao final do contrato).
No mercado tradicional, esses contratos costumam ser utilizados para ajudar a proteger os produtos e fornecedores da volatilidade dos preços dos ativos, permitindo que cada parte “trave” o preço de compra ou venda, conseguindo gerenciar o risco ao invés de maximizar o lucro.
Por exemplo: Contratos Futuros para produtos de feijão. Ao negociar um preço de venda de uma parcela da safra futura, os agricultores não precisam se preocupar em encontrar compradores suficientes na época da colheita e nem se preocupar com a queda do valor do feijão devido ao excesso de produção. Assim, estes produtos podem garantir preços e minimizar riscos ao combinar o preço antes mesmo do plantio.
Voltando ao caso do bitcoin, esses ETF de Bitcoin também são contratos futuros. É por meio deles que você aposta em quanto custará o BTC quando determinado contrato expirar, o que significa que você não obtém uma exposição de tão longo prazo no ativo. Além disso, os ETF de Bitcoin dão aos investidores tradicionais, que não se sentem confortáveis em negociar criptomoedas, acesso por meio de um veículo com o qual já estão acostumados.
QUAIS AS VANTAGENS DE INVESTIR POR MEIO DE ETF DE BITCOIN?
Vamos combinar que o BTC não é o ativo mais fácil do mundo de se custodiar, o que pode causar grandes dores de cabeça para grandes instituições. Não só o bitcoin, diga-se de passagem, mas os criptoativos como um todo. Essas grandes instituições não operam da mesma forma que os investidores de varejo, conectando uma hardwallet a um notebook e transferindo valores.
Elas precisam de uma estrutura regulatória complexa e clara para poderem participar deste mercado. É por isso que um ETF pode ser fundamental para contribuir para a adoção institucional, facilitando a exposição destes players ao BTC sem que precisem de fato possuí-lo.
Vamos listar alguns dos motivos pelos quais os investidores podem optar por negociar por meio de ETF:
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Não precisam lidar com exchanges de criptomoedas, podendo simplesmente comprar e vender ETFs por meio de mercados tradicionais.
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Não precisam se preocupar com eventuais procedimentos de valores mobiliários associados à manutenção de bitcoins e outras criptomoedas para institucionais.
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Ao negociar ETF de Bitcoin, investidores não precisam passar pelo processo de armazenamento e nem se preocupar com segurança. Não há risco de perder as chaves da carteira digital. É uma forma bem menos arriscada de investir.
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Definições fiscais são mais claras para produtos financeiros tradicionais do que para ativos digitais.
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Ao comprar e vender ETF de Bitcoin em bolsas de valores, seus ativos são mais líquidos do que em algumas exchanges de criptomoedas.
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Como os ETFs são altamente regulamentados, correm um risco menor de fraude do que algumas das exchanges de criptomoedas não regulamentadas.
QUAIS AS DESVANTAGENS DE INVESTIR POR MEIO DE ETF DE BITCOIN?
Claramente, investir em ETF de Bitcoin reduz os vários riscos e complexidades enfrentados pelos investidores. Mas quais são as desvantagens de investir em um ETF de Bitcoin:
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Os investidores só obtêm exposição ao preço do bitcoin no curto prazo porque os contratos futuros têm datas de vencimento estabelecidas.
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Com isso, também não pode vender BTCs quando quiserem, já que a venda de ETF de bitcoin é regulada em contratos futuros.
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Os preços oferecidos nos ETFs de Bitcoin costumam ser mais altos do que o preço no mercado spot. Um ETF de futuros de bitcoin usa o preço da Bitcoin Reference Rate (BRR) da CME ao invés do preço à vista.
ETFS DE CRIPTOMOEDAS LISTADOS NA B3: QUAL O MELHOR ETF DE BITCOIN?
O primeiro ETF a ser negociado na bolsa brasileira foi o HASH11 (Nasdaq Crypto Index Fundo de Índice), lançado pela Hashdex em abril de 2021. O ETF “copia” o desempenho do Nasdaq Crypto Index (NCI), desenvolvido pela Nasdaq e a própria Hashdex, com o intuito de refletir o movimento do mercado de criptoativos.
Fonte: https://investnews.com.br/cotacao/hashdex-nci/
Já o QR CME Bitcoin (QBTC11) foi o primeiro ETF da América Latina totalmente focado em bitcoin. Gerido pela QR Asset Management, o fundo de índice tem como base o “CME CF Bitcoin Reference Rate”, índice dos contratos futuros de bitcoin da principal bolsa de derivativos do mundo, a Chicago Mercantile Exchange (CME).
Fonte: https://investnews.com.br/cotacao/qbtc11-qr-cme-bitcoin/
Já em agosto de 2021, foi a vez do lançamento de mais dois ETFs de criptomoedas na B3. o primeiro deles é o QETH11 (QR CME CF Ether Reference Rate), que possui 100% de exposição ao Ether (ETH) e segue o CME CF Ether Reference Rate.
O segundo foi o Hashdex Nasdaq Bitcoin Reference Price Fundo de Índice, integralmente focado em bitcoin, com o código BITH11. Ele foi o primeiro ETF verde do segmento e segue o Nasdaq Bitcoin Reference Price (NQBTC).
Abaixo, a lista completa de ETFs de criptomoedas listados na B3:
Fonte: B3