Margem bruta importa?
A margem bruta é um dos indicadores-chave para a análise financeira e operacional de uma companhia, revela a rentabilidade de uma empresa em relação às suas vendas, por isso, compreender tal indicador é fundamental para tomar decisões de investimentos eficazes.
Muitas vezes, a margem consegue evidenciar o poder de escala, eficiência ou poder de marca de alguma companhia.
A Vivara (VIVA3), por exemplo, companhia do segmento de joias, com uma indústria verticalizada, consegue manter uma margem de quase 70%, mostrando a capacidade de precificação da companhia.
Fonte: RI Vivara
Entretanto, não necessariamente um negócio de baixa margem bruta será ruim, com muitos tendo, e podendo continuar gerando um enorme valor para seus acionistas. Como é o caso do Walmart e da Costco, companhias estrangeiras do segmento de varejo.
Enquanto a Walmart opera com uma margem na casa de 23,5%, a Costco, também empresa de vendas para o varejo, com um sistema de “assinatura” para membros que podem comprar em suas lojas a baixo custo, desde 2006, apresenta uma margem bruta que oscila entre 12% e 13,6%, isso quer dizer, que a cada 100 dólares vendidos em suas lojas, restam cerca de U$12,00 de lucro bruto, que ainda irá pagar outras despesas operacionais, despesas financeiras, impostos e afins.
Fonte: AlphaQuery
Mesmo nesse cenário, as ações da Costco apresentaram uma rentabilidade de mais de 900% desde 2006.
Muitos desses players que possuem negócios de baixa margem, utilizam o volume para “mitigar” essa margem, pois, mesmo vendendo produtos (ou serviços) com menores margens, com um volume mais alto, algumas companhias conseguem gerar um caixa significativo e adicionar valor para o seu acionista.
Além do volume, negócios que apresentam uma margem bruta baixa, mas conseguem continuar rentável por longos períodos, tendem a ter vantagens competitivas, seja a barreira de entrada de novos competidores por conta de seu preço praticado, ganhos de escala, infraestrutura, ou até mesmo, uma expertise em seu segmento.
Conheça duas empresas brasileiras com margem bruta baixa, mas que possuem potencial!
No caso do Brasil, existem companhias que operam com uma margem abaixo de 20%, mas que apresentam uma boa perspectiva.
A Tupy (TUPY3), por exemplo, empresa do segmento de metalurgia, que produz componentes em ferro fundido para o segmento de transportes e infraestrutura, como bloco de motores e cabeçotes, operou por bastante tempo com uma margem bruta na casa de 16%, mas por conta de aquisições e melhorias recentes, a companhia conseguiu retomar para a casa dos 18,5%.
Margem Bruta – TUPY3
Fonte: Investidor10
Além da Tupy, podemos citar a Boa Safra, companhia focada no segmento agrícola, especialmente em sementes, que desde o seu IPO apresentou um crescimento muito forte, apesar de ter reduzido sua margem bruta e atualmente operar na casa dos 13%.
Margem Bruta – SOJA3
Fonte: Investidor10
Porém, vale destacar, que o caso da Boa Safra se difere um pouco do da Tupy. Além dos segmentos e a dinâmica de modelo de negócios serem diferentes, a Boa Safra é uma companhia focada no crescimento, e em alguns momentos, pode abrir mão de parte da rentabilidade para continuar ganhando espaço no mercado. Ainda, parte da queda da margem bruta pode ser explicada por uma mudança na dinâmica do setor do agronegócio e ambiente macroeconômico.
Analisar as margens das companhias investidas é importante, visto o apresentado acima.
No geral, uma margem bruta maior chama mais atenção e traz um maior valor para as companhias, entretanto, é possível encontrar empresas com baixa margem bruta, mas também vantagens competitivas e com boas perspectivas futuras, apesar de em alguns casos, trazer juntamente um risco maior.