Com a adversidade do cenário macroeconômico e geopolítico, investidores passaram a buscar a “segurança” do dólar, que se valoriza frente a outras moedas fiduciárias e derruba o preço das commodities e ações. A libra esterlina, por exemplo, atingiu baixa recorde na segunda-feira, cotada a US$ 1.0327.
Na contramão desta queda e resistindo a esse movimento, mesmo com a correlação construída nos últimos tempos com as ações de tecnologia e o S&P 500, vemos o bitcoin se mantendo bastante estável e surpreendendo o mercado. Matérias como “Currencies around the world are tumbling. Except Bitcoin”, do New York Times, passaram a ganhar ampla notoriedade e divulgação nas mídias sociais.
Atingimos um momento único na história onde o bitcoin vem se mostrando menos volátil do que as moedas fiduciárias, ainda que isto provavelmente tenha uma duração temporária e se restrinja à análise de setembro. Só o tempo dirá, e é natural que assim seja até que se consolide como reserva de valor.
O fato é que, olhando hoje, último dia do mês – que historicamente marca acentuadas quedas no ecossistema cripto – temos um retrospecto sensivelmente positivo para o bitcoin – pelo menos até o momento da redação deste artigo – enquanto a Nasdaq chegou a cair quase 9%.
Voltando ao ambiente geopolítico e econômico atual, o cenário nos rememora um episódio ocorrido no início da história do ativo. Após dar seus primeiros passos com a publicação do Whitepaper em 2008, produção do bloco gênesis em 2009, primeira venda utilizando BTC em 2010 e o vazamento de documentos do governo dos EUA (Wikileaks) em 2011, levando a pedidos de resgates em bitcoin e marginalizando o ativo no imaginário popular, chegamos à crise de Malta em 2013.
Naquele momento, o supracitado país passava uma por séria crise, muito parecida com o Brasil em 1990, onde o governo ameaçava confiscar as poupanças populares. Isso fez com que os cidadãos pegassem suas reservas e migrassem para o bitcoin como forma de proteção patrimonial, sendo a primeira vez na história – que eu tenha conhecimento, pelo menos – onde o ativo foi usado para tal fim. E é este movimento que podemos estar vendo acontecer no Reino Unido frente à desvalorização da libra esterlina.
Com a volatilidade da moeda local, podemos estar diante de uma janela de oportunidade para o fomento da adoção de bitcoin no Reino Unido. Nesta semana, com a libra esterlina atingindo a cotação citada no início do texto, o volume de negociações do par GBP/BTC em corretoras como Bitstamp e Bitifinex atingiram US$ 881 milhões em 26 de setembro, um aumento de mais de 1.150% com relação à média de US$ 70 milhões por dia.
Fonte: Cointelegraph
Muitas empresas, institucionais e Bancos Centrais parecem já estar começando a entender que, assim como o ouro, o bitcoin pode servir como reserva de proteção patrimonial. Dado o fato de que o Reino Unido não integra mais a União Europeia, vejamos como irá se comportar com relação à possibilidade de se tornar um pólo de bitcoin e lidar com seu momento de instabilidade econômica atual.
Será que veremos “orange-pilled”, termo em alusão ao filme Matrix?
Vejamos os próximos capítulos de mudanças políticas em relação à aceitação do BTC não só por lá, mas por países do G20 em geral.