Recentemente, o dólar apresentou uma desvalorização em relação ao real bastante intensa, tendo passado de R$ 5,31 (23/03/2023) para R$ 4,91 (14/04), uma queda de 7,5%, sendo que atualmente (26/04) já está em R$ 5,05.
Fonte: Refinitiv. Elaborado por Bing Chat. Adaptado por Hub do Investidor.
Obviamente, quando dilatamos o horizonte temporal para entender a dinâmica de longo prazo da relação entre o dólar e o real, é possível evidenciar que o real tem uma tendência de desvalorização em relação ao dólar, como bem evidencia o gráfico abaixo.
Fonte: Refinitiv. Elaborado por Bing Chat. Adaptado por Hub do Investidor.
Nesse sentido, a moeda americana apresentou uma valorização de 187% em relação à brasileira, entre o começo de 2012 até a presente data, passando de R$ 1,75 para R$ 5,05, multiplicando por quase 3 vezes em 10 anos, o que resulta numa valorização do dólar médio anual de cerca de 12,4% nesse período.
A grande verdade, é que conseguir prever o que irá ocorrer com o câmbio é uma tarefa extremamente árdua, tanto para economistas como para analistas de mercado. Existe uma célebre frase que diz que a taxa de câmbio é o cemitério dos economistas.
O motivo para isso é que as variáveis que impactam na taxa de câmbio são virtualmente infinitas, além de possuírem um nível de aleatoriedade muito alto, pois os fenômenos econômicos em economias abertas são intensos e dinâmicos.
Um exemplo prático dessa dificuldade é fazendo uma retrospectiva das pesquisas Focus dos últimos anos, pegando as pesquisas do começo do ano e sua previsão para o dólar, e comparando com o que de fato ocorreu.
Do ponto de vista de investimentos, a estratégia mais acertada, é o investidor, ir, ao longo da sua jornada, comprando dólar aos poucos de forma constante, e, quando apresentar oscilações mais acentuadas (tanto para cima como para baixo), aproveitar as oportunidades.
Isso posto, é importante entendermos os motivos que levaram à queda recente do dólar, para conseguirmos auferir se as quedas recentes se tratam de uma boa oportunidade de investimentos.
O primeiro motivo trata-se de um fenômeno global que pouco tem relação com o Brasil, que diz respeito ao enfraquecimento do dólar em relação às principais moedas dos países desenvolvidos, medido pelo DXY, conforme aponta o gráfico abaixo.
Últimos 3 meses para o DXY. Fonte: Market Watch. Adaptado por Hub do Investidor.
A partir da segunda metade de março, é possível notar que o DXY passa de 106, e cai para baixo de 102 atualmente, uma desvalorização de quase 4% no período, chegando a cair 4,5%.
Isso foi um fenômeno global, em que o mercado passou a aumentar a probabilidade de um cenário recessivo por parte dos EUA, além de um possível encerramento das altas das taxas de juros por parte do FED, sendo dois fatores que tiram atratividade marginal do dólar frente às demais moedas.
Além disso, os investidores estão se dando conta do grande juro real que o Brasil está ofertando para o mercado atualmente, possuindo uma taxa de juros muito alta, o que atrai investidores para o Brasil.
Com a Selic no atual patamar de 13,75%, os investidores fazem o chamado carry-trade no real, que é uma operação em que eles se financiam em reais para aplicarem nessas taxas de juros, o que aumenta a entrada de recursos em dólares no país.
Fluxo Cambial Estrangeiro. Dados Investing.com. Adaptado por Hub do Investidor.
O gráfico acima mostra justamente essa dinâmica, onde em quase todos os meses de 2023, houve a entrada de recursos estrangeiros no Brasil, ou seja, a oferta de dólar aumentou, o que empurra para baixo o preço dessa moeda, valorizando o real.
Fonte: Infinity Asset. Elaborado por Invest News. Adaptado por Hub do Investidor.
A razão para isso está, justamente, nas taxas de juros do Brasil, que figuram como a mais alta do mundo, quando analisada em termos reais, ou seja, descontada a inflação acumulada dos últimos 12 meses.
Porém, apesar desses fatores que auxiliaram na valorização do real, nós temos fortes indícios de longo prazo que indicam que a tendência é de contínua valorização do dólar em relação ao real.
O primeiro deles, trata-se do diferencial de inflação entre o Brasil e os EUA.
Como a inflação lá fora tende a ser, de maneira estrutural e de longo prazo, inferior à local, vai continuar sendo necessário cada vez mais reais para comprar a mesma quantidade de produtos em dólares.
Além disso, o diferencial de crescimento entre os países indica que a economia dos Estados Unidos tende a crescer em um ritmo superior a do Brasil, por questões de economias de escala, vantagens competitivas, avanços tecnológicos e estabilidade jurídica e empresarial.
Com uma economia produzindo mais do que a outra, a tendência é que sua moeda se aprecie com o passar do tempo.
Esses são os dois principais indícios que, de maneira estrutural, a direção da taxa de câmbio entre EUA e Brasil é de fortalecimento do dólar.
Fonte: Banco Central, Sistema Gerenciador de Séries Temporais.
Além disso, temos que, ao longo dos últimos anos, o volume de reservas internacionais em dólares detida pelo Banco Central foi caindo ao longo do tempo, pois o BACEN utilizava esse instrumento para tentar fazer o real não se desvalorizar tanto.
Fonte: Gov.br. Secretaria de Comunicação Social.
Porém, ao longo dos últimos meses, o nível de reservas está subindo, conforme evidencia o gráfico acima. Isso indica que o governo está comprando dólares, o que aumenta a demanda por essa moeda e gera um consequente aumento do seu preço.
Em resumo, é extremamente desafiador acertar qual será a direção do câmbio no curto e médio prazo, porém, no longo prazo, existem inúmeros indícios de valorização do dólar em relação ao real.
Com isso, uma estratégia inteligente de ser seguida pelos investidores é a do Dollar Cost Averaging, que consiste em, de forma recorrente, realizar a compra de dólares, o que fará com que essa variável não seja relevante nos seus investimentos.
Isso porque, em momentos de valorização do dólar, você irá comprar a moeda, bem como em momentos de desvalorização, o que deixa o efeito do dólar relativamente anulado dentro do seu portfólio.
Outra forma inteligente de se expor ao dólar, é fazendo investimento em ativos de renda fixa, para aproveitar as altas taxas de juros que estão sendo proporcionadas pelos EUA. Os clientes do Hub Internacional têm acesso a uma carteira completa de Bonds com esse intuito, além de um curso gratuito de renda fixa global, clique aqui e saiba mais!