Ontem, após o discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, o mercado cripto ganhou força e superou sensivelmente a faixa de preço do custo de produção de BTC dos mineradores (atualmente em US$ 16900). A linguagem de Powell foi interpretada como tendo um tom mais suave, indicando um ritmo mais lento no aumento de taxas de juros a começar pela reunião do próximo dia 14.
Com isso, o mercado passou inicialmente a precificar uma probabilidade de 77% de que o banco central norte-americano reduza o ritmo de alta para 50 pontos-base na próxima reunião. Vale lembrarmos que, em nossa Newsletter de segunda-feira, essa precificação se encontrava na casa dos 69%.
Fonte: Cmegroup
Neste contexto, o bitcoin (BTC) terminou a quarta-feira em alta de aproximadamente 4.37%, enquanto o ether (ETH) subiu ainda mais, 6.36%. Ainda assim, o fechamento mensal de novembro foi o pior visto desde 2019.
Hoje, neste início de dezembro, os ativos começaram operando em sensível baixa, movimento que se manteve mesmo após os recém divulgados dados do PCE (0.2%), frente aos 0.3% m/m que eram esperados, ou seja, mesmo apesar do tom mais “bullish”. A precificação do aumento de 0.5% na taxa de juros para o próximo dia 14, no entanto, subiu para atuais 79.4%, como pode ser visto na imagem acima.
Do ponto de vista macro e de análise técnica, para podermos começar a pensar em uma alta mais sustentável para o mês, seria interessante ver o BTC conseguir defender, inicialmente, a região dos US$ 16.900 em função do custo de produção de BTC dos mineradores e, secundariamente, a região dos US$ 16.700. O mercado de alta anima, mas precisa ser interpretado com cautela.
- Mineração pode ser principal “driver” contrário
Além do driver macroeconômico, temos ainda um grande componente inerente ao mercado crypto que merece atenção: os mineradores. As máquinas ASIC Antminer s19J Pro, lançadas em junho do ano passado, já estão operando em prejuízo à medida que temos visto o alto preço da energia elétrica e um baixo preço de bitcoin.
Veja também: Dificuldade de mineração do BTC atinge nova máxima histórica!
Fonte: Hashrate Index
Vale lembrar que o custo dos mineradores não está restrito somente ao pagamento dessas contas de energia para sustentar suas operações, e sim da atualização das máquinas. Isto porque, a cada 3 anos aproximadamente, surgem novas máquinas mais potentes que obrigam esses players a renovarem seus equipamentos caso queiram permanecer competitivos.
Sendo assim, caso a alta atual do bitcoin não seja suficiente para atingir patamares significativamente mais altos e o preço do ativo se mantenha relativamente na mesma faixa por meses, com a inflação não arrefecendo mais intensamente e os custos de energia permanecendo altos, os mineradores se encontrarão ainda mais pressionados a vender suas reservas de BTC.
Na verdade, podemos estar, neste momento, diante de um movimento justamente neste sentido. Há poucas horas, 10.842 bitcoins saíram de reservas de mineradores, o que pode antecipar um possível forte movimento de venda e capitulação, aproveitando os preços sensivelmente mais altos de agora. Esta é a maior saída de moedas dessas reservas desde o final de dezembro de 2020. Vejamos os próximos capítulos!
Fonte: CryptoQuant – Blocktrends
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