O que os candidatos à presidência do Brasil pensam sobre criptomoedas?

presidência criptomoedas

O movimento de regulamentação de criptomoedas tem dado passos mais largos nos últimos tempos. Agora, autoridades públicas e agências reguladoras aproveitam o momento do mercado em baixa, bem como de eventos como o “crash” da Terra Luna, para intensificar as narrativas não só em cima das stablecoins, mas dos demais ramos do criptomercado como um todo.

No Brasil, ainda que o assunto não seja regulado, já é pauta de avançados Projetos de Lei tramitando na Câmara dos Deputados. E é neste contexto que, aproveitando o ambiente político e o contexto das eleições presidenciais, resolvemos averiguar o que cada um dos candidatos pensa sobre criptomoedas no Brasil.

Ciro Gomes:

O ex-presidenciável abordou o tema pela primeira vez em junho deste ano quando participou do Flow Podcast, momento em que se demonstrou ser bem cético em relação à classe de ativos, alegando que “uma moeda sem lastro e sem autoridade pública por trás” daria problemas.

criptomoedas no brasil - ciro gomes

A posição foi reforçada no mês posterior, em evento da FIESP, quando Ciro reiterou a frase e ressaltou que “um belo dia pode virar uma pirâmide”. Deixou aberta, no entanto, a possibilidade de estar enganado e ser apenas uma percepção equivocada.

  

Felipe D’avila:

Em função da ideologia liberal do partido NOVO, vemos um posicionamento mais aberto com relação ao assunto. Em 2018, por meio de uma postagem nas redes sociais, D’avila já falava sobre o uso da tecnologia blockchain no setor público, sugerindo aplicabilidade em temas como licitações, registro de imóveis, orçamento participativo, pagamento de impostos, entre outros.

criptomoedas no brasil - felipe d'avila

Em entrevista ao Livecoins em agosto do presente ano, o ex-candidato reafirmou o interesse pelo tema e mostrou ser bem familiarizado com o setor, esclarecendo que seu entusiasmo se dá: “Não apenas no sentido da inovação monetária, que facilita as transações econômicas, mas em toda a parte de digitalização de contratos que o uso da blockchain torna possíveis”.

 

Soraya Thronicke:

Soraya foi uma das senadoras mais engajadas na regulação de criptomoedas no Brasil. É, inclusive, autora de um dos Projetos de Lei (PL 4.207/2020) sobre o tema no parlamento. Na visão da ex-candidata, o Banco Central e a CVM terão responsabilidade de regular e supervisionar o mercado. Ela propõe ainda a criação de um comitê interministerial de acompanhamento e monitoramento das atividades envolvendo ativos virtuais, defendendo também a criminalização dos responsáveis por esquemas financeiros fraudulentos que utilizam os ativos.

criptomoedas no brasil - soraya

Em síntese, estabelece Soraya que: “Tenho defendido que a regulamentação não deve interferir nas relações privadas, de maneira a afastar o investidor desse mercado, mas tão somente trazer segurança jurídica e previsibilidade, além, é claro, de definir os aspectos tributários”.

 

Simone Tebet:

Questionada sobre o tema pela EXAME, a candidata Simone Tebet (MDB) defendeu que a regulação das criptomoedas no Brasil é de competência do Banco Central e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que classifica como “independentes e técnicas” e “das mais reputadas do país”.

foto simone tebet

A senadora afirmou que as duas agências “vêm examinando o assunto com atenção, discutindo-o inclusive com os demais reguladores do mundo”.

“Fazem isso, de um lado, sem inibir a inovação trazida pela tecnologia blockchain e, de outro, cuidando dos riscos de lavagem de dinheiro e de fraudes que causem danos à poupança popular”, disse a candidata. Para ela, o papel da Presidência seria “assegurar que o financiamento dos reguladores seja adequado para que eles possam cumprir suas funções”.

 

Jair Bolsonaro:

Bolsonaro já levantou o tema para argumentar em prol do liberalismo de seu governo e também em prol do combate à corrupção, criticando um projeto da FUNAI. Em entrevista concedida à Rádio 96 FM, do Rio Grande do Norte, em 2021, quando a pauta tratava sobre menor interferência estatal na vida de quem produz, Bolsonaro alegou que nunca mexeu com bitcoin e que nem sequer sabia o que era, assim como acreditava que a maior parte da população também não soubesse.

foto jair bolsonaro

O tema também foi levantado em um contexto de queda na corrupção, momento em que usou o exemplo da FUNAI, que planejava criar uma criptomoeda cuja verba necessária era de R$ 50 milhões, motivo pelo qual a licitação foi barrada em 2019 pela então ministra Damares Alves.

 

Lula:

Na última semana, Lula afirmou que o setor de criptomoedas vem crescendo bastante e chamando atenção das autoridades pelo mundo. Assim, o candidato defende que a regulação do tema deve ser feita pelo Banco Central, que é uma autarquia independente e com condições para realizar o trabalho.

foto lula

Deve-se, na visão do petista, criar regras para o mercado de criptomoedas no Brasil, em alinhamento com as normas internacionais, no intuito de evitar crimes como lavagem de dinheiro, evasão de divisas e negociações fraudulentas. Caso eleito, Lula ligou o alerta de que deve monitorar o impacto das criptomoedas na política brasileira com intuito de mitigar quaisquer danos ao sistema financeiro nacional.

 

As criptomoedas representam uma disrupção no sistema financeiro, e as tecnologias e soluções apresentadas são revolucionárias e, às vezes, complexas. Ter alguém especializado te dando a mão e tornando tudo mais acessível é crucial para entrar nesse mercado. Conheça o Hub Crypto!

Caio Goetze

Formado em Direito pela PUC-RJ e pós-graduando em Direito Digital pelo Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS) em parceria com a UERJ, conta com 3 anos de experiência e diversos cursos de formação acadêmica de bagagem no “criptomercado”.

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