O que esperar do mercado de soja? Déficit de armazenagem chama atenção.

mercado de soja

Overview do mercado de soja no mês de maio:

O mercado de soja no Brasil apresentou números impressionantes em maio. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex/MDIC), o país exportou 15,6 milhões de toneladas do grão, estabelecendo um recorde para o mês e representando o maior volume mensal embarcado desde abril de 2021. Apesar desse desempenho notável, os preços da soja atingiram o patamar mais baixo desde fevereiro de 2021, tanto em dólar quanto em real.

O preço free on board (FOB) médio, absorvido pelos importadores, fechou em R$ 155,82 por saca ou US$ 521,32 por tonelada de soja.

Esse cálculo, conforme explicado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA/USP), leva em consideração as cotações da Bolsa de Chicago para o complexo soja (que inclui grãos, farelo e óleo) e o prêmio de exportação, o qual é determinado pelas condições de oferta e demanda entre o Brasil e os Estados Unidos.

O mercado enfrentou uma situação de alta disponibilidade de soja e uma relação favorável entre o dólar e o real em maio, o que atraiu importadores e levou a uma queda nos preços pagos.

Na última semana do mês, o preço FOB da soja para embarque em junho registrou uma redução de 2,7%. Em termos de reais, baseado no dólar futuro negociado na B3, o preço atingiu R$ 141,22 por saca de 60 quilos. Para embarques em julho, a saca no Porto de Paranaguá ficou em R$ 142,33.

 

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Projeções e questões relevantes do mercado de soja:

Para a safra de soja 2022/23, a Conab estima uma produção de 154,81 milhões de toneladas, representando um aumento de 23% em relação à temporada anterior. Esse aumento significativo pode limitar a valorização do grão, uma vez que o elevado volume pressiona a capacidade de armazenamento nos silos. Além disso, a colheita do milho também está em andamento, competindo pelo mesmo espaço de armazenamento. E esse é um tema bem sensível que merece atenção.

Falando nisso, segundo os dados também da Conab, a capacidade estática de armazenagem no Brasil em 2023 está em 190,9 milhões de toneladas, um aumento de 0,3% em comparação ao dado do ano anterior. A projeção anual é de que, apenas de milho e soja, o Brasil colha 281,45 milhões de toneladas (aumento de 15,8% YoY), ocasionando um déficit de 90,6 milhões.

 

deficit de armazenagem no Brasil e sua relação com o mercado de soja

 

Esse potencial déficit, por consequência, acaba gerando uma necessidade de venda, pressionando as cotações para baixo como tem sido visto ao longo do ano. A dificuldade logística de escoamento também afeta a precificação.

O fato é que, quando analisamos a evolução dessa capacidade em um histórico de 10 anos, vemos que a taxa média de crescimento foi de 2,3% a.a., ao passo que a taxa de aumento da produção de soja e milho foi de 5,6%. Dessa forma, os produtores tem menos poder de escolha sobre o momento de venda.

Junho: decisão entre a soja e o milho

Na primeira quinzena de junho, houve um leve aumento na demanda internacional pelo milho brasileiro, interrompendo a tendência de queda observada desde março, de acordo com o Cepea. Esse aumento foi impulsionado pelas preocupações com o desenvolvimento das lavouras de milho nos Estados Unidos devido ao clima desfavorável. As chuvas insuficientes no Meio-Oeste americano desde o início do mês têm o potencial de diminuir a produtividade das lavouras de milho nos EUA.

Embora as estimativas oficiais do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) ainda apontem para uma maior produção no país, as condições das lavouras pioraram significativamente.

 

clima desfavorável e sua relação com o mercado de soja

 

Por outro lado, no Brasil, a Conab revisou suas estimativas para cima novamente, indicando que a segunda safra de milho será recorde, com uma produção estimada em 96,31 milhões de toneladas.

Diante desse cenário, os produtores enfrentam uma decisão crucial:

Vender a soja, mesmo com os preços em queda, ou optar por armazenar o milho e aproveitar a tendência de preços positiva que se desenha?

Nesse fluxo de caixa entre as commodities, é fundamental que os produtores analisem cuidadosamente os fatores de oferta e demanda, as perspectivas de preço e os custos de armazenamento.

A disponibilidade abundante de soja no mercado e a competição por espaço de armazenamento entre soja e milho são elementos a serem considerados ao tomar decisões estratégicas!

À medida que a colheita de milho avança e os dados sobre as condições das lavouras nos Estados Unidos se tornam mais claros, os preços e as perspectivas futuras para ambas as commodities podem sofrer alterações.

 

É importante que os produtores estejam atentos às atualizações e análises do mercado para tomar decisões informadas e maximizar seus retornos durante essa dinâmica! 

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Caio Goetze

Formado em Direito pela PUC-RJ e pós-graduando em Direito Digital pelo Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS) em parceria com a UERJ, conta com 3 anos de experiência e diversos cursos de formação acadêmica de bagagem no “criptomercado”.

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