Antes de mais nada, é importante esclarecermos alguns conceitos caso você esteja começando neste mercado. O “hashrate” nada mais é do que o total de poder computacional empregado por mineradores na rede para minerar e validar transações em blockchains que utilizam Proof-of-Work, como é o caso da rede Bitcoin. Basicamente, indica a velocidade e o poder no qual os hardwares – aqueles computadores super potentes chamados ASICs – operam tentando acertar o “hash” válido de um bloco. E essa mineração de bitcoin costuma funcionar de maneira cíclica: em tempos de bonança, mineradores investem fortemente em infraestrutura, processo que leva algum tempo – normalmente, meses – até que se torne operacional e produza efeitos práticos.
Este processo de intensa atividade e de muitos mineradores “online” foi visto na alta do mercado ao final do ano passado (2021), sofrendo um posterior baque com a capitulação vista a partir de maio deste ano (2022) e, agora, retomando a alta a partir de julho, momento em que o “hashrate” voltou a atingir novas máximas históricas mesmo com o preço do bitcoin despencando.
No entanto, a dificuldade de mineração, que funciona como uma unidade de medida no processo de mineração, referenciando o quão difícil é para encontrar o tal do “hash” do bloco, ainda não havia sido ajustada tendo em vista que este processo costuma ocorrer a cada 2016 blocos – ou, aproximadamente, 2 semanas. Com isso, criou-se um descompasso: muito poder computacional empregado na rede e “baixa” dificuldade de minerar.
Naturalmente, portanto, a taxa de produção de blocos na rede Bitcoin subiu bastante, alcançando os patamares mais altos vistos em 2022 ao atingir 6.45 blocos por hora. Em outras palavras, superou bastante a meta de 6. Foi por isso que, na semana passada, antecipamos aos nossos assinantes que esse descompasso produziria um novo (e forte) aumento na dificuldade prevista para esta semana.
Nesta, segunda-feira (10), com um “hashrate” em máxima histórica (262.59EH/s) vimos um ajuste de 13.55% para 35.61 trilhões, algo que não era observado desde maio de 2021.
Fonte: https://btc.com/stats/diff
O que isto pode significar? Mineradoras vão desligar equipamentos?
Se, por um lado, um alto “hashrate” significa uma rede saudável e extremamente segura, já que passa a ser necessário um maior poder computacional para criar um bloco – tornando muito mais difícil atacar a blockchain – por outro, indica um aumento no custo de produção por unidade de bitcoin minerado, uma vez que há maior competição de poder de “hash”, colocando mais pressão ainda sobre os mineradores. Ou seja, o consequente aumento da dificuldade significa que os mineradores passam a ganhar menos bitcoins para cada unidade de energia que gastam.
Assim, ainda que os custos de produção permaneçam relativamente estáveis, as receitas das empresas de mineração se mostram em um momento bem delicado e bastante estressadas devido ao contexto macroeconômico puxando para baixo o preço do BTC. Isso tem feito com que elas precisem vender seus bitcoins para cobrir os custos.
De acordo com a plataforma The Block, a receita dos mineradores no mês passado foi de US$ 550.40 milhões, número expressivamente menor do que os US$ 1.22 bi gerados em janeiro deste ano, quando o bitcoin ainda valia US$ 47.000.
Com isso, o que chamamos de “hashprice” – que é basicamente a receita obtida pelos mineradores por cada unidade de “hashrate”, sofrendo influência do preço e da dificuldade de mineração – tem seguido uma forte tendência de baixa no último ano, saindo de US$ 0.42 TH/s no pico de outubro do ano passado para US$ 0.08 na semana passada. Com o aumento na dificuldade visto hoje, esse “hashprice” é puxado ainda mais para baixo, atingindo a mínima histórica.
Essa pressão sobre as receitas de mineração poderá levar muitos mineradores a desconectar suas máquinas e vender massivamente seus bitcoins, derrubando ainda mais o preço. Principalmente aqueles “players” menores que pagam preços de eletricidade altos, usam máquinas antigas e operam no limite. Já as mineradoras em escala industrial costumam ter custos de produção muito baixos, correndo pouco risco inicialmente.
É difícil quantificar a dimensão. Mas ao observarmos o que aconteceu na última vez que a dificuldade do bitcoin aumentou significativamente (9,3%), em 31 de agosto, vimos posteriormente o “hashrate” médio de 7 dias cair 9 EH/s nos dias seguintes, muito em função do impacto nessas entidades. E, provavelmente, é o que veremos novamente acontecer, em outra proporção.
Quais as estimativas de mineração para o final de 2022?
Hoje, existem 25 empresas públicas de mineração de bitcoin totalizando 54 EH/s conectados e representando 22% do “hashrate” da rede. Apesar do cenário, seus planos de expansão são bastante ousados e planejam expandir esse potencial para 80.7 EH/s até o final do ano. Ou seja, um aumento de 50% no seu potencial conjunto de crescimento.
Fonte: Arcane Research
De acordo com a Arcane Research, as 5 maiores mineradoras públicas por hashrate têm os seguintes objetivos de expansão:
- Marathon: Adicionar 6.9 EH/s de capacidade
- Core Scientific: Adicionar 3.8 EH/s de capacidade
- Riot: Adicionar 3.4 EH/s de capacidade
- Bitfarms: Adicionar 1.1 EH/s de capacidade
- Clean Spark: Adicionar 0.8 EH/s de capacidade
Particularmente, partilho da ideia de que o modelo de expansão destes agentes está superestimado, mas é interessante ver a perspectiva, do ponto de vista de investidor, sobre o planejamento das empresas frente à adversidade do cenário.
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