Genesis entra com pedido de proteção contra falência!

A Genesis Global Holdco LC e suas subsidiárias, Genesis Asic Pacific Pte. Ltd e a famosa Genesis Global Capital LLC (“Genesis”), entraram ontem com petições de proteção contra falência no Southern District of New York em decorrência dos extensos e prolongados danos acentuados pelo colapso da FTX. Todas as três empresas estão sob o guarda-chuva da Digital Currency Group (DCG), que também é dona da Grayscale e da Coindesk.

As outras subsidiárias da Genesis envolvidas nas negociações de derivativos/spot e operação de custódia, bem como a Genesis Global Trading, não foram incluídas no pedido e continuam com suas operações em vigor, de acordo com um comunicado à imprensa.

É possível dizer que a declaração já era esperada pelo mercado desde que a Genesis congelou os saques dos usuários em 16 de novembro do ano passado. No entanto, desde então, a empresa vinha, em conjunto com a DCG, tentando negociações com os credores e possíveis investidores para evitar a falência.

Inclusive, alguns desses credores, como é o caso da Gemini, estariam dispostos a concordar com um período de tolerância – para a maioria dos pagamentos – de 1 a 2 anos dentro de um “prepackage bankruptcy plan” em troca do recebimento de uma quantia em dinheiro e de ações do Digital Currency Group. No entanto, as partes não conseguiram chegar a um consenso.

Agora, no registro do pedido de proteção, a Genesis Global Capital estima ter mais de 100.000 credores e entre US$ 1 bilhão e US$ 10 bilhões tanto em passivos quanto em ativos. A empresa deve mais de US$ 3.5 bilhões a seus 50 principais “unsecured creditors”, entre os quais estão:

  • Gemini Trust: US$ 766 milhões
  • Mirana Corp: US$ 151 milhões
  • MoonAlpha Finance: US$ 150 milhões
  • VanEck New Finance Income Fund: US$ 53 milhões
  • Plutus Lending: US$ 30 milhões
  • Cumberland DRW: US$ 19 milhões
  • Credor desconhecido: US$ 462.2 milhões
  • Outros

Já a Genesis Global Holdco LLC e a Genesis Asic Pacific Pte. Ltd estimaram seus ativos e passivos na faixa entre US$ 100 milhões e US$ 500 milhões.

O plano da Genesis é aproveitar o processo baseado no Chapter 11 para tentar vender ativos e/ou levantar dinheiro. A ideia é utilizar US$ 150 milhões em caixa para se “auto-financiar” e diz esperar que, por meio do processo de reestruturação, consiga pagar também esses credores não-garantidos, grupo que poderia ser deixado de lado em casos de falência onde a situação é extremamente negativa. O capítulo 11 permite que a empresa continue operando enquanto tenta encontrar maneiras de pagar os credores.

A pressão sobre o CEO da DCG, Barry Silbert, vinha acontecendo desde a falência da Three Arrows Capital no ano passado, momento em que a Genesis sofreu perdas milionárias. Intensificou-se ainda mais após o colapso da FTX, fazendo com que os irmãos Winklevoss, fundadores da Gemini, chegassem a pressionar a DCG pela demissão de Barry na tentativa de recuperar seus ativos. Agora, com o pedido de proteção contra falência decretado, Cameron Winklevoss voltou a se manifestar:

publicação de Cameron Winklevoss envolvendo o pedido de proteção contra falência da GenesisFonte: Twitter @cameron

 

Cameron voltou novamente a destacar que tentou negociar uma solução aceitável, mas que a DCG, na figura de Barry e outros funcionários, se recusou. Voltou também a acusa-los de fraude e disse que planeja entrar com uma ação judicial contra Barry e DCG. Agora, sob escrutínio da justiça, a Genesis será obrigada a fornecer informações que expliquem de uma vez por todas como chegou a este ponto.

Documentos adicionais do pedido de proteção podem ser vistos clicando aqui.

 

Crise da Genesis em números:

  •  US$ 3.5 bilhões: montante devido aos 50 principais credores não garantidos.
  • US$ 1 bilhão: Valor dos empréstimos de emergência que a Genesis buscou logo após a implosão da Alameda.
  • US$ 1.675 bilhão: Quantia que Cameron Winklevoss, CEO da Gemini, diz que a DCG deve aos clientes de sua corretora e aos outros credores. Barry Silbert contesta esta afirmação.
  • US$ 765.9 milhões: Valor da dívida da Genesis com a Gemini, de acordo com o arquivamento baseado no Capítulo 11.
  • US$ 900 milhões: Fundos dos clientes do Gemini Earn bloqueados e possivelmente perdidos.
  • US$ 1 bilhão a US$ 10 bilhões: “Range” de dívidas da Genesis com credores conforme arquivamento do pedido de proteção.
  • Em torno de US$ 150 milhões: Quantia que a Genesis afirma ter em mãos, “o que fornecerá ampla liquidez para apoiar suas operações comerciais em andamento e facilitar o processo de reestruturação”.
  • 30%: Percentual da força de trabalho que foi demitida da Genesis na primeira semana de janeiro, reduzindo sua equipe para 145 pessoas.
  • 000: Número de usuários da Gemini Earn fraudados de acordo com a carta aberta de 10 de janeiro de Cameron Winklevoss.
  • 000: Credores listados na proteção contra falência da Gênesis.

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Caio Goetze

Formado em Direito pela PUC-RJ e pós-graduando em Direito Digital pelo Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS) em parceria com a UERJ, conta com 3 anos de experiência e diversos cursos de formação acadêmica de bagagem no “criptomercado”.

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