Wrapped tokens estão em perigo? Entenda o caso dos tokens wBTC e wETH!

token wBTC

Na sexta-feira, escrevemos uma breve thread no twitter sobre o FUD que vinha acontecendo no mercado com relação ao depeg do token wBTC. Antes de mais nada, vamos passar por alguns pontos para que fiquem mais claros antes de entrarmos no objetivo principal deste insight.

 

O que é wrapped BTC (wBTC)?

Um token wrapped (“envelopado”) é uma versão tokenizada de uma criptomoeda com o objetivo de ser usada em uma blockchain que não é a sua de origem. Assim, o wBTC nada mais é do que um token que representa um BTC nativo em proporção 1:1 só que utilizado em uma outra rede. Inicialmente, na verdade, ele foi criado para a ser usado na rede Ethereum, mas posteriormente as possibilidades foram expandidas.

Assim, permite-se que nos beneficiemos das características de um BTC dentro de um outro ecossistema, possibilitando que utilizemos seu poder de compra em contratos inteligentes no ecossistema DeFi por meio de aplicativos como AAVE, por exemplo. Vale o adendo, no entanto, de que ele não é, de fato, um bitcoin nativo!

Para que esses wBTC sejam gerados, é necessário que um negociante forneça liquidez e trave a quantia correspondente em BTCs originais em um custodiante, que pode ser um contrato inteligente, uma carteira multisig, uma DAO, etc. Esse custodiante fica, naturalmente, responsável pela custódia dos BTCs originais na rede Bitcoin, assegurando que haja sempre uma proporção de 1:1. Feito isso, então, o custodiante cunha os wBTCs correspondentes à quantia travada e os fornece ao negociante para que possa realizar suas operações.

A dinâmica inversa também é muito simples. Quando um negociante deseja recuperar seus BTC, ele faz uma queima da quantia correspondente de wBTC, garantindo que não existam mais wBTCs emitidos do que BTC custodiados.

 

O que aconteceu com o token wBTC?

A Alameda Research atuou como negociante de wBTC por alguns anos. Um painel da Dune Analytics evidenciou a relação entre os wBTCs cunhados e queimados pelos 10 principais negociantes do ativo no mercado, e verificamos que pouco mais de 52% do total foi cunhado justamente pela falida Alameda Research. Foram 101.746,1 wBTC cunhados e 23.435,3 wBTC queimados

Surgiu, portanto, um medo muito acentuado com relação a onde estariam os 72.310,8 wBTC de diferença, fomentando a narrativa de que era justamente este fator que estava por trás do depeg. Para fins de informação, os bitcoins estão sob custódia da Bitgo. No entanto, é crucial esclarecer que o importante, nesse caso, é que os custodiantes possuam as reservas necessárias para honrar a paridade de 1:1 entre o wBTC e o BTC, o que de fato estava acontecendo de forma normal!

Assim, continua sendo possível a troca entre wBTC e BTC, permitindo-se arbitrar o desconto no preço ao comprar o wBTC mais barato e trocar por um BTC original. A própria Bitgo brincou nas redes sociais dizendo ser uma “promoção de Black Friday”. Ou seja, a operação de troca continua plenamente eficaz e o que vinha impactando o mercado era somente um medo infundado do mercado, que operava ineficientemente a arbitragem do depeg.

 

E o token wETH? O que está acontecendo?

Em função do pânico gerado em torno do wBTC, alguns influencers e investidores começaram a fazer memes no final de semana alegando que o wETH estava perdendo seu peg e se tornando insolvente, fomentando ainda mais o medo no mercado. O desenvolvedor de blockchain Cygaar, o fundador da Gnosis, Martin Koppelmann, e até mesmo Vitalik Buterin entraram na onda da brincadeira.

Para fins de esclarecimento, o wETH é apenas um token do próprio ETH na própria rede Ethereum, diferentemente do wBTC. Ou seja, o wETH não está exposto a risco cross-chain e não depende de custodiantes. Ele funciona por meio de um contrato inteligente que aceita ETH em troca de wETH, que é um token ERC20. Talvez você esteja se perguntando o porquê de uma blockchain precisar de um token envelopado de seu próprio token nativo.

Na maioria das blockchains de contratos inteligentes, como Ethereum, Polygon, BSC, entre outras, temos uma moeda própria da rede e, além disso, diversos outros tokens padronizados. Por exemplo, na rede Ethereum, sabemos que o token nativo é o ETH, mas além disso temos tokens padrão ERC-20 como LINK e UNI. Mas as plataformas DeFi e as corretoras descentralizadas dessas redes normalmente são programadas para trabalhar com tokens específicos padrão ERC20 ou BEP20, fazendo com que diversas aplicações sejam incapazes de suportar o uso da própria moeda própria da rede. Desta forma, é normal que as redes ofereçam versões tokenizadas da própria moeda. Por exemplo:

  • Ethereum: ETH (moeda própria) à wETH (Token)
  • BSC: BNB (moeda propria) à wBNB (Token)

Em suma, não criemos pânico! No caso do wBTC, o medo não mostrava fundamento. No caso do wETH, tendo em vista que opera por contratos inteligentes, seu preço não deriva do ETH e não há uma entidade centralizada armazenando o ativo, o que impossibilita um movimento de “corrida aos bancos”. Na verdade, era apenas uma brincadeira dos influenciadores, e é importante que isso fique ressaltado!

 

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Larissa

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