Após testar e superar momentaneamente os US$ 17.000 no feriado de terça-feira (15), em um contexto marcado pela divulgação do Índice de Preços ao Consumidor nos Estados Unidos referente a outubro vindo abaixo do esperado, o BTC perdeu força e voltou a ser negociado abaixo da região supracitada, refletindo a incerteza dos investidores com relação aos recentes episódios envolvendo a falência da FTX e o efeito dominó gerado no mercado cripto.
Após as notícias de que a BlockFi irá entrar com um potencial processo de falência, um outro episódio ainda mais recente e preocupante envolve a Genesis, maior plataforma de empréstimos do mercado cripto e voltada para investidores institucionais, que agora passou a travar saques por não possuir liquidez suficiente.
Enquanto a FTX impacta consumidores e fundos, o problema da Genesis pode ter proporção ainda maior à medida que afeta diversas empresas diretamente. Vejamos…
Outro ponto que contribui para a perda de força é justamente o fato de que os US$ 16.900, aproximadamente, constituem o custo base de produção de BTCs para os mineradores quando olhamos somente para custos de eletricidade. Isto pode ser observado no gráfico abaixo por meio da linha inferior da banda.
Já a região vermelha indica que a produção de bitcoins, adicionando custos operacionais, não se mostra lucrativa, atualmente, abaixo dos US$ 28.000.
Fonte: Tradingview – Capriole
A atual combinação do aumento de hashrate na rede, estimulando maior competição entre mineradores, com o aumento dos custos de energia e o preço enfraquecido do BTC estimulado ainda mais pelo contexto caótico desencadeado pela FTX leva a condições econômicas insustentáveis para empresas de mineração menos estruturadas e com equipamentos que não sejam os de última geração.
Mineradores estão operando sob muita pressão, o que pode levar a novas capitulações de players do setor e jogar o mercado ainda mais abaixo. Por estes motivos, temos visto o preço do BTC costurar essa região próxima aos US$ 17.000, faixa extremamente importante para a sustentabilidade das operações dos mineradores.
Por outro lado, com o temor relacionado à custódia centralizada de ativos em corretoras, os volumes de negociação em DEX cresceram fortemente com o episódio, atingindo US$ 32 bilhões na semana passada.
A receita do ecossistema DeFi como um todo saiu de uma média de US$ 4 milhões que se mantinha desde a capitulação de junho para o patamar de US$ 8.25 milhões vistos no dia 9 de novembro em meio ao cenário pegando fogo. Em síntese, vimos um pico de uso de plataformas DeFi logo após a insolvência da FTX.
Fonte: The Block
Segundo dados da CoinDesk, a profundidade do mercado caiu de 11.800 BTC para 7.000 BTC, o que significa que a liquidez das exchanges se deteriorou significativamente após o colapso da FTX, deixando o mercado muito mais propenso às variações de preço.
Não é surpresa que a volatilidade de 7 dias do BTC tenha atingido o segundo maior patamar deste ano, subindo para a região dos 7%.
Fonte: Arcane Research
Concluímos esta Newsletter ressaltando que, dado o contexto, os investidores institucionais estão de volta à ativa no mercado, porém assumindo fortes posições “shortadas” de BTC.
O episódio de 12 de março de 2020, momento que ficou conhecido como “coronacrash”, é a única estrutura de mercado remotamente comparável às atuais condições que presenciamos. Os derivativos de Bitcoin não sofriam com problemas desta magnitude desde aquela época.
Apesar do crash do mercado não ter nada a ver com qualquer abalo de fundamentos do bitcoin, muito pelo contrário, é importante manter o alerta ligado para os próximos episódios que vivenciaremos no mercado tendo em vista que o impacto pode ser ainda maior. A Trezor relatou aumento de 300% nas suas receitas. Importante lembrar a importância da autocustódia: “Not your keys, not your coins”.
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