Como o atual cenário econômico e político impacta os “bancões”?

bancões

Com uma perspectiva de crescimento da deterioração no crédito se consolidando cada vez mais, os brasileiros estão ficando para trás em seus pagamentos de empréstimos numa taxa recorde, com inadimplências em linhas giratórias de cartões de crédito de até 44% – o que leva os maiores bancos do país (“bancões”) a cortar o crédito de classes sociais mais suscetíveis a não pagamento.

Em novembro de 2022, cerca de 44% dos pagamentos de recursos atrasaram mais de 90 dias, um recorde que é 10,9 pontos percentuais a mais do que em novembro de 2021.

Ou seja, os brasileiros (especialmente de baixa renda) estão acumulando dívidas em meio à alta inflação e taxas de juros – muitos não conseguem pagar suas contas de aluguel ou energia, assim observamos aumento na busca por linhas de crédito de emergência.

gráfico mostrando aumento da busca por linhas de crédito e sua relação com os bancões

Fonte: Banco Centra; Bloomberg

 

Sendo assim, já que o ciclo econômico está levando a um aumento nas inadimplências, com altas taxas de juros e inflação, obriga os bancos a reduzirem o crédito e serem mais seletivos nas novas concessões de dívida.

E se tratando de perspectivas, dada a expectativa crescimento econômico mais lento em 2023 e taxas mais altas por mais tempo do que o esperado, espera-se que o ambiente de crédito para o varejo fique ainda mais hostil.

 

Como isso afeta os bancões?

Com todo esse cenário descrito acima de deterioração do ciclo de crédito e aumento das provisões para devedores duvidosos, a perspectiva é de que o resultado dos bancões, ao menos em 2023, deva piorar antes de melhorar.  No entanto, se tratando dos players, podemos destacar o desempenho positivo do Banco do Brasil (BBAS3).

Começando pelo desempenho do papel, ao tomarmos o período de um ano (fev. de 2022 – fev. de 2023), podemos notar um uma valorização histórica preponderantemente maior se comparado ao Ibovespa (principal benchmark do mercado acionário nacional).

Enquanto o Banco do Brasil (BBAS3) obteve um desempenho positivo em +38,5% no período, a Ibov apresentou desempenho negativo em -0,23%.

comparação de desempenho entre banco do brasil e ibovespa

Fonte: TradingView e Hub do Investidor

 

E ao compararmos, na mesma base, o desempenho do Banco do Brasil aos principais “bancões”, a diferença de valorização histórica fica igualmente evidente.

gráfico comparando o desempenho do banco do brasil e dos bancões

Fonte: TradingView e Hub do Investidor

 

Agora, se analisamos mais minunciosamente esse desempenho, podemos perceber que o Banco do Brasil entrega um ROE (Retorno sobre Patrimônio) superior quando comparado a outros bancões – se compararmos ao Bradesco por exemplo, a diferença gira em torno de + 3p.p.

E quanto ao P/L (preço sobre lucro), podemos perceber que enquanto o lucro cresceu muito, o múltiplo continua baixo para o setor (P/L de 4,12) – ou seja, mercado segue cauteloso com a nova gestão do banco, movimento similar ao que aconteceu com Petrobras.

 Além disso, retomando a questão do aperto de crédito citada anteriormente, podemos perceber que de novo o Banco do Brasil está mais bem posicionado que alguns seus pares, devido a sua carteira mais defensiva entre seus pares (maior exposição ao agro e servidores públicos).

Abaixo apresentamos a relação percentual dos Empréstimos de alto risco (EH) em relação ao total de empréstimos para os principais bancões.

gráfico comparando empréstimo de alto risco e dos bancões

Fonte: J.P Morgan

 

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Leonardo Ribeiro

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