Na última quarta-feira, tivemos a maior atualização da Ethereum desde o The Merge. Estamos falando do Shanghai Fork, responsável por destravar os ethers (ETH) que estavam bloqueados em stake e possibilitando que seus detentores possam, agora, remanejá-los da forma que bem entenderem e caso assim desejem. Portanto, passadas 40 horas da atualização da Ethereum, resolvemos traçar um overview do que mudou desde então.
Com a liberação, apesar dos temores de parte dos investidores de que pudéssemos ver um despejo de ETH no mercado, afetando significativamente o preço de tela do ativo, fizemos um estudo prévio onde concluímos que eventuais impactos no volume diário de negociação de ETH não ultrapassariam 3%.
Isso acontece porque a atualização precedeu um cronograma de saques pré-definido e responsável por diluir os impactos no mercado ao longo do tempo.
Na verdade, nossa tese por aqui tem ido justamente na direção oposta, de valorização do ether, tendo em vista que a possibilidade de retiradas após o Shanghai gerará segurança para que mais investidores realizem stake.
Pode parecer contraditório, mas não é. Antes da atualização da Ethereum, manter os ativos indefinidamente travados e sem perspectiva de resgate era um fator extremamente repelente para novos entrantes.
Hoje, o staking ratio da Ethereum ainda é extremamente baixo (15.37%) quando comparado ao de outras blockchains Proof-of-Stake como Cardano, Solana e Avalanche:
No entanto, reforçamos nossa tese de que esse cenário deve mudar no médio/longo prazo, ainda que inicialmente seja natural vermos uma quantia de saques maior do que a de depósitos.
Por enquanto, o Net Staking Balance, que mede exatamente essa relação, demonstra um saldo de -152.000 ETH, representando uma queda de 0,8% no total de ETH em stake e evidenciando que as retiradas vêm sendo processadas com sucesso.
E quem defendia a tese de que a atualização da Ethereum desvalorizaria o ETH no curto prazo, estava errado. Não à toa, no momento em que redigimos esse artigo, o ether (ETH) é negociado a US$ 2.100, representando uma valorização de aproximadamente 11% desde o início do dia 12 (dia da atualização).
Atualização da Ethereum: Stakers estão sacando recompensas da validação, e não o “principal”!
O que será que está acontecendo após a atualização? Antes de mais nada, precisamos esclarecer que, basicamente, existem dois tipos de saque em vigor: saques parciais e saques totais.
- Saques parciais: Diz respeito ao saque somente dos saldos que ultrapassarem os 32 ETH apostados para validação. Ou seja, somente aqueles ethers (ETH) recebidos como recompensa pela validação poderão ser sacados nessa modalidade.
- Saques totais: Nas retiradas completas, o validador deixará de fazer parte do processo de validação por completo, uma vez que todo seu saldo de 32 ETH, além das recompensas recebidas pelo processo, serão sacados.
Dito isso, ressaltamos que aproximadamente 95% dos saques feitos até agora são apenas de recompensas da validação, ou seja, saques parciais. Isso demonstra o interesse dos validadores em continuarem operando na segurança econômica da Ethereum no médio/longo prazo, dando maior robustez à tese.
Percebam como a diferença é extremamente significativa:
Regulação: Kraken lidera fila de espera por saques totais
Como mencionamos, existem limites para a quantidade de Ether que pode ser sacado por dia, motivo pelo qual as retiradas possuem filas de espera. Dos mais de 874.767 ETH aguardando por saques totais, 62.8% vem da Kraken, de acordo com o provedor de dados Nansen.
Essa “dominância” não acontece à toa. Vale lembrar que a corretora foi fortemente pressionada pela “Securities and Exchange Commission” (SEC) dos Estados Unidos no início deste ano e concordou em deixar de oferecer seu produto de staking nos EUA.
Quais as teses que acreditamos se beneficiar da atualização da Ethereum?
Quer saber quais as outras teses que vínhamos defendendo que se beneficiariam do Shanghai Fork?
Quer se posicionar melhor diante das próximas grandes atualizações que vierem a acontecer no mercado?
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