Como as eleições afetam os seus investimentos?

Fonte: Jornal de Brasília

 

É comum ouvir investidores dizerem que só irão investir em caso de vitória do candidato A ou B, no entanto, o quão impactante as eleições podem ser para os seus investimentos?

A fim de exercitar, citarei alguns fatores que podem afetar diretamente as companhias da bolsa:

 

Como as eleições afetam as companhias estatais?

Iniciando com o tipo de companhia mais afetada e temida quando o assunto é eleições, as estatais, sabemos que o receio não é atoa, por terem o Estado como controlador, essas companhias podem ser diretamente afetadas e por isso, negociam com um desconto aos seus pares privados.

O exemplo mais claro é o da Petrobras, que mesmo sendo praticamente um monopólio, obteve prejuízo de bilhões em alguns anos, por ingerência política e corrupção. Após a nova lei das estatais, viu-se um avanço em seus resultados.

 

Resultado Petrobras

resultado da Petrobras e associação com as eleições e investimentos

Fonte: Status Invest

 

Embora o candidato de oposição ao governo atual possua um posicionamento de maior interferência, o atual presidente Bolsonaro fez comentários criticando o lucro da Petrobras, apesar de descartar a intervenção na mesma.

O que quero explicitar com isso é que, independente de quem ganhe as eleições, não dá para ter uma completa certeza de fortes mudanças (ou manutenções) nessas companhias, e parte dessas incertezas já estão sendo precificadas pelo mercado.

 

E os outros segmentos?

Falando do varejo, imaginando em um governo mais posicionado à esquerda, que incentiva o crédito e o consumo, é possível pensar que empresas varejistas se beneficiarão um pouco mais.

Apesar disso, no médio e longo prazo, diversos fatores irão influenciar nesse (e outros) segmentos. 

Por exemplo, é possível que ambos os governos sejam contra o teto de gastos, o que em um segundo momento (é claro, que dependendo de outras diversas variáveis) pode manter a taxa de juros em patamares mais altos, prejudicando novamente o varejo.

O contrário também é verdade, em um cenário otimista, é possível imaginar uma economia mais pujante, onde o varejo consiga, além de recuperar, consiga crescer ainda mais.

Já os bancos, apesar das diferenças em cada cenário, são famosos por conseguirem se manter rentáveis em quaisquer situações. No gráfico abaixo, vemos que em diferentes presidentes, tanto bancos privados, quanto o Banco do Brasil se mantiveram lucrativos. 

 

lucro dos bancos antes, durante e após as eleições (2003-2021)

Fonte: TradeMap

 

Citando outra companhia em um mercado bastante regulado, a Taurus, pode sofrer em casos de mudanças nas políticas de flexibilização das armas, quanto beneficiada em casos de manutenção do cenário.

Não confunda, conhecer o cenário macroeconômico, a política e os riscos atrelados, é de extrema importância, mas fazer apostas nesses cenários se difere de investir para longo prazo.

 

Por que não temer as eleições?

No fim do dia, as eleições possuem um impacto menor do que a gente realmente pensa no longo prazo, até mesmo quando pensamos em ações brasileiras, se estivermos nos referindo a um investidor que escolhe boas empresas, com boas vantagens competitivas e com foco no longo prazo.

Esse “risco” é ainda mais mitigado se considerado um portfólio multimercado, com alocações bem distribuídas, englobando tanto ações brasileiras, quanto estrangeiras, renda fixa, commodities e investimentos alternativos.

É comum ver grandes investidores como Howard Marks, co-fundador e co-presidente da Oaktree, que possui US$159 bilhões sob gestão, criticarem apostas em projeções macroeconômicas. Tanto que um dos seis pilares da Oaktree é: “Previsões Macroeconômicas não são essenciais para investir”.

Em 2016, ano de eleições nos Estados Unidos, Warren Buffett disse para Howard Marks a seguinte frase: 

 

“Para que uma informação seja necessária, ela tem que possuir duas características: ser importante e ser “conhecível.”           

Warren Buffett

Obviamente as eleições brasileiras são importantes, no entanto, há tantas variáveis embutidas nos cenários possíveis que podemos projetar, que no limite, tende ao impossível acertar em cheio algum deles, e por isso, se categoriza como “não conhecível” ou “não previsível”.

Dessa forma, o mais importante é possuir uma carteira de investimentos diversificada, combinada com boas escolhas de empresas que possuam bons fundamentos e bons preços, e não girar toda a sua carteira contando com um cenário que pode ou não acontecer.

Para montar uma carteira que consiga enfrentar diferentes governos e cenários, assine os produtos de uma casa de análise credenciada e conte com a ajuda de profissionais do mercado financeiro. Conheça nossos produtos

Recomendação extra: Confira nossos comentários sobre as cartas da gestora de Howard Marks

Kênio Fontes

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