Na sexta-feira (04/03), Cristina Junqueira, CEO das operações brasileiras e diretora de crescimento (CGO) do Nubank (NUBR33), realizou a venda de 590 mil ações do banco, correspondendo a R$12,3 milhões.
A JP Morgan Securities foi responsável pela venda do montante de ações que representa 0,5% da participação de Junqueira na companhia, que detinha anteriormente 2,73% do banco. A justificativa apresentada para a venda é que esta seria uma questão de “gestão pessoal de patrimônio e liquidez”.
A fintech brasileira realizou IPO em dezembro de 2021 na Bolsa de Nova York, com ações cotadas a US$ 9,00. Até mesmo a Berkshire Hathaway de Warren Buffet participou da oferta pública do banco.
A ação atingiu US$ 11,85 no período pós-IPO, mas já na metade de 2022 a ação se encontrava no patamar de US$3,30. No acumulado de 2022, o papel apresentava queda de 56,7%. Nos primeiros meses de 2023, o balanço da fintech retoma certo otimismo, mas ainda enfrenta desafios.
Desempenho Nubank (NYSE:NU) – em dólar (US$) – nos últimos 6 meses
Fonte: Google Finance
Além disso, houve também alterações nas posições de investidores institucionais nas ações do Nubank, com a Sequoia Capital vendendo mais de 120 milhões de ações em dezembro de 2022. Atualmente, o valor de mercado do banco negociado em Nova York é de US$ 21,3 bilhões.
Bons resultados no 4T22, mas vale a pena investir em Nubank?
O lucro líquido apresentado no 4T22 foi de US$ 58 milhões, acarretados por um custo de funding menor, o que proporcionou expansão da margem financeira bruta.
Net Interest Margin – Nubank 4T22
Fonte: Goldman Sachs
Outro indicador de desempenho positivo foram as receitas de serviços, do qual se justifica em parte pelo aumento do TPV (volume de transações), que foi impulsionado por uma base de clientes mais ampla e maior intensidade na utilização de produtos Nubank, como cartões de débito, crédito, pré-pago e ultravioleta.
Evolução do TPV e share em empréstimos do Nubank 4T22
Fonte: Goldman Sachs
Apesar disso, o NPL (empréstimos bancários não pagos) acima de 90 dias aumentaram no 4T22, atingindo 5,2%, um aumento de 40 pb t/t. Segundo o banco, os NPL mais baixos do início do ano comparado com o final do ano são explicados por uma carteira de empréstimos melhor e efeitos sazonais do quarto trimestre.
NPL do Nubank X NPL médio do setor
Fonte: Goldman Sachs
O Nubank se apresentou como um banco tecnológico que angariou alto crescimento operacional e de clientes nos últimos anos (74,6 milhões no último trimestre de 2022). No entanto, é válido se questionar se tais aspectos já não estariam devidamente precificados.
Os últimos lucros apresentados, por mais que tenha superado as expectativas do mercado, ainda estão consideravelmente distantes para justificar o market cap de mais de US$ 20 bilhões da fintech, um valor de mercado que se iguala a de bancos como Banco do Brasil e BTG Pactual.
Justificar tal valor visto a parcela de clientes atual do Nubank – que ainda necessita de esforço para aprofundar sua penetração no segmento de clientes de alta renda – e somado a fatores macros desafiadores (mercado de crédito mais arriscado, com crescimento do NPL), se torna uma tarefa difícil, necessitando de cautela para observar como se dará a capacidade do banco de fazer frente ao seu valuation.
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