No último dia 23, o artista Benjamin Von Wong revelou ao mundo a obra de arte que foi contratado para criar em nome do Greenpeace. A campanha de US$ 5 milhões foi financiada pelo cofundador da Ripple, Chris Larsen, e leva o título de “Change the Code, Not the Climate”. Seu objetivo é pressionar pela alteração do algoritmo de consenso Proof-of-Work (PoW) do Bitcoin por meio de uma “mudança de código” para, supostamente, salvar o meio ambiente.
Para quem não está familiarizado com o debate, a discussão gira em torno do argumento de que o algoritmo de prova de trabalho (PoW) consome muita energia, gerando altos impactos ambientais, enquanto outros mecanismos como o Proof-of-Stake, adotado pela Ethereum, seriam muito mais “eco-friendly”.
Para tentar alcançar seu objetivo, a obra de arte apelidada por Von Wong de “Caveira de Satoshi” foi divulgada por meio de uma postagem no blog e por meio de um vídeo. Já anteontem, dia 29 de março, o Greenpeace levou a escultura para dar uma volta de carro pelas ruas de Nova York, Estados Unidos, reacendendo o tópico.
O nome da obra é bastante propício, diga-se de passagem, tendo em vista que consiste em um crânio de 3 metros de altura feito de madeira, isopor reciclado e mais de 300 peças de lixo eletrônico. Já “Satoshi” é o pseudônimo do criador do Bitcoin. O crânio também apresenta olhos de laser vermelhos, indicando um claro aceno para a comunidade de Bitcoin no Twitter, que costuma adotar essa estética em suas fotos de perfil.
No entanto, desde o início, o tiro saiu pela culatra. Ao invés de deixar a comunidade enfurecida e/ou reflexiva, como é de praxe nas campanhas do Greenpeace, a caveira foi imediatamente aceita por ser “muito legal”, e muitos bitcoiners passaram a alterar suas fotos nas redes sociais. Sim, a comunidade passou a adotar o símbolo e brincar com a sátira. Até porque, convenhamos, a discussão sobre o consumo energético e o impacto ambiental é muito mais complexa e controversa do que costumamos ver nos debates públicos.
Apesar das constantes narrativas alarmistas de impacto ambiental que são veiculadas pela mídia, há uma série de estudos relevantes que trazem contrapontos extremamente cruciais para o debate e que deveriam ter igual destaque. Estudos como, por exemplo, o da DePaul University of Chicago, que compara a rede Bitcoin com a indústria do ouro e o sistema bancário, avaliando os impactos dos setores.
Ou, ainda, o estudo conduzido pela Batcoinz, que ressalta que um percentual interessante da rede Bitcoin é alimentado por fontes de energia negativas em carbono ao utilizar o metano liberado pela indústria de O&G. Dados que merecem ser analisados em conjunto com informações levantadas pela Arcane Research. Você pode encontrar algumas dessas pesquisas neste artigo.
Adiciona-se também o fato de a mineração de BTC poder ser feita em qualquer lugar, o que acaba favorecendo o uso de energia mais barata, principalmente de energia que seria desperdiçada e de energia renovável.
Desta forma, por exemplo, ao invés de uma cidade que utiliza energia eólica ou elétrica precisar jogar fora a energia excedente gerada por excesso de vento ou sol, consegue armazená-la em “forma” de bitcoins para que subsidie uma necessidade de consumo energético futuro. Essa é uma tese extremamente interessante que olha para o Bitcoin como um regulador de grades elétricas.
Diversos usuários passaram a se manifestar publicamente, colocando-se abertos ao diálogo com Von Wong. Este aqui, que se identifica como Cosmo Crixter, publicou um artigo intitulado “An Open Welcome Letter to “Skull of Satoshi” Artist and Activist, Von Wong. Alguns outros que ganharam mais repercussão foram @level39, @thetrocro e @DSBatten. E Von Wong de fato os ouviu.
Em um “thread” reflexiva feita no Twitter, Von Wong disse que achava que o problema ambiental do Bitcoin era “preto no branco”. No entanto, após o “acidente” com a repercussão da Caveira de Satoshi e o jeito descontraído com o qual os usuários levaram a crítica, Von Wong passou um tempo conversando com ambientalistas bitcoiners para ouvir os contrapontos. Agora, pasmem, ele reconhece que, na verdade, o Bitcoin pode ser uma força poderosa para melhorar o meio ambiente.
Provavelmente, ao entender que a discussão não é tão dual quanto acreditava ser, deparando-se com uma série de argumentos racionais plausíveis a que não tinha acesso anteriormente, Von Wong teve a humildade de mudar de opinião. Nada tão educativo e simbólico quanto isso. Talvez, na verdade, a “Caveira de Satoshi” tenha sido uma das maiores campanhas artísticas pró-Bitcoin já feitas na história.
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