BlockFi entra com pedido da falência baseado no capítulo 11

Na esteira do efeito dominó que vem impactando o cenário desde a falência da FTX/Alameda, a BlockFi, uma das principais plataformas de lending do mercado, após interromper os saques em meio à confusão supracitada, confirmou as suspeitas dos investidores e entrou com pedido de proteção contra falência no Tribunal de Falências do Distrito de Nova Jersey, Estados Unidos. O pedido foi pautado no capítulo 11, e outras afiliadas seguiram o mesmo caminho.

De maneira simplificada, o capítulo 11 basicamente consiste em uma tentativa de arrumar a casa, reestruturar a empresa e adimplir com suas obrigações legais, pagando todos seus credores e voltando a operar plenamente. Sendo assim, a hipótese é muito mais animadora do que um possível pedido pautado no capítulo 7, que consistiria em vender tudo e fechar as portas.

De acordo com os detalhes expostos no pedido oficial, a plataforma indicou possuir mais de 100.000 credores, além de ativos e passivos que variam entre US$ 1 bilhão a US$ 10 bilhões. Entre os pontos que merecem destaque, a empresa listou ainda um empréstimo pendente de US$ 275 milhões realizado para a FTX US.

Na verdade, vale lembrar, a BlockFi já vinha sentindo os impactos do mercado desde o colapso da Terra Luna, e foi uma das maiores afetadas com problemas de liquidez após o episódio da Three Arrows Capital, o que custou cerca de US$ 80 milhões à companhia. A empresa interrompeu os saques de clientes e admitiu uma exposição significativa à falida corretora FTX e à Alameda Research mais recentemente.

Vale lembrar, também, que em meio ao supracitado caos envolvendo a Terra Luna, a FTX fez o possível para “ajudar” a BlockFi a evitar falência, concedendo uma linha de crédito rotativo de aproximadamente US$ 400 milhões e levantando a possibilidade de comprar a empresa. Recentemente, vimos o porquê de tanto interesse de Sam Bankman-Fried.

 

Qual a ligação da falência BlockFi da com o setor de mineração?

A falência da BlockFi, a princípio, pode parecer desconexa com o setor de mineração. Na verdade, no entanto, vamos entender como os temas se conectam e quais os efeitos no ramo. Para quem não sabe, a BlockFi emprestou fundos voltados para rendimentos, geralmente para mineradores de bitcoin, com taxas de juros acima dos 10%. De acordo com a The Block Research, a quantia emprestada pela plataforma foi tão grande que ela figurava como a segunda maior credora das empresas de mineração listadas em bolsa. Abaixo, uma síntese de alguns tomadores de empréstimos:

  • Bitfarms: Empréstimo de US$ 32 milhões a 14.5% / pagável em 2 anos)
  • Cipher Mining: Empréstimo de US$ 49.6 milhões a um percentual de juros desconhecido / pagável em 2 anos)
  • Core Scientific: A Core Scientific, como sabemos, já se encontra em apuros. Além disso, tomou dois empréstimos da BlockFi no intuito de comprar equipamentos de mineração. Um deles, em dezembro de 2021, de US$ 60 milhões a uma taxa de juros desconhecida. O outro, de US$ 20 milhões, a uma taxa de juros de 13.1% e pagável em 24 meses.

Quando analisamos a adimplência destes players, notamos que a Bitfarms já pagou grande parcela de sua dívida com sucesso. A Cipher Mining, por sua vez, não costuma divulgar muito sobre suas operações de mineração, mas, analisando seus relatórios trimestrais, parece mostrar solidez.

O grande problema, de fato, é a Core Scientific, que vem sendo alvo de operações judiciais e segue perdendo clientes, precisando vender seus ASICs a preços muito baratos. Temos visto, aliás, um choque de oferta dos equipamentos no mercado. O fato é que cresce, portanto, o medo de que a BlockFi não consiga recuperar os US$ 50 milhões em empréstimos pendentes da Core.

E, por falar no setor de mineração como um todo, apesar de termos visto a atividade ser resiliente nos últimos tempos, parece que agora as estruturas menos sólidas precisam começar a desligar suas máquinas e parar suas operações. Podemos perceber esse movimento ao analisar que o poder computacional da rede caiu fortemente essa semana, podendo levar as mineradoras à outra onda de capitulação.

Fonte: Blocktrends

 

Quando olhamos o indicador Hash Ribbon, essa percepção se solidifica ainda mais. Vemos uma nova indicação de disparo de eventual movimento de capitulação se evidenciando a partir do cruzamento das médias formando o que chamamos de “bearish cross”. Historicamente, a assertividade do indicador é bastante alta.

Fonte: Charles Edwards – Capriole Investments

 

Fidelity: Investidores varejo passam a poder negociar criptomoedas

Também temos notícia boa em meio ao caos. Após anunciar uma lista de espera no início de novembro, a Fidelity finalmente passou a permitir a abertura de contas para investidores varejo negociarem crypto. Uma vez aberta, a plataforma promete negociações sem cobrança de comissão para bitcoin e ether, pelo menos inicialmente. O movimento é bastante interessante e importante para o ecossistema em termos de estrutura.

Vale destacar que a empresa é uma das maiores provedoras de serviços financeiros do mundo, e atua ativamente na indústria de bitcoin desde que começou a minerar o ativo em 2014. Além disso, lançou um ETF spot de bitcoin no Canadá em dezembro de 2021.

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Caio Goetze

Formado em Direito pela PUC-RJ e pós-graduando em Direito Digital pelo Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS) em parceria com a UERJ, conta com 3 anos de experiência e diversos cursos de formação acadêmica de bagagem no “criptomercado”.

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