Banir a mineração de criptomoedas é uma alternativa dos EUA?

Recentemente, o escritório de Ciência e Tecnologia dos Estados Unidos divulgou um relatório detalhado sobre possíveis impactos ambientais de vários tipos diferentes de mecanismos de consenso de blockchains. O documento faz parte de uma série de relatórios requisitados em março pelo presidente Joe Biden, e é intitulado de “Climate and Energy Implications of Crypto-Assets in the United States”. Basicamente, ele pode ser descrito como uma análise de custo-benefício.

Naturalmente, as pesquisas realizadas avaliaram os impactos negativos da mineração, principalmente no que tange ao alto consumo energético, emissão de CO2 e grande volume de lixo eletrônico gerado a partir do desgaste dos equipamentos ASICs utilizados. Entre os pontos destacados, o relatório estabelece que: “O uso de eletricidade de ativos digitais está contribuindo para [emissões de gases de efeito estufa], poluição adicional, ruído e outros impactos locais, dependendo dos mercados, políticas e fontes locais de eletricidade”.

Ato contínuo, cresceram os rumores de que os Estados Unidos iriam banir o Proof-of-Work como solução. Em meio a um longo e completo relatório que totaliza 46 páginas, começou a circular nas redes sociais apenas a informação de que o governo adotaria ações executivas, em conjunto ao Congresso, formulando legislações responsáveis por “limitar ou eliminar o uso de mecanismos de consenso de alta intensidade energética para mineração de criptoativos”.

As narrativas sobre esse ser um pretexto do Estado para controlar as liberdades decisórias dos indivíduos ganharam força, e esse é um receio totalmente justo e válido. No entanto, devemos ter ponderação. A bem da verdade, longe de fazer uma recomendação de banimento da mineração, o relatório aponta que tal proibição será apenas uma última medida caso nenhuma alternativa anterior funcione.

Antes disso, propõe-se avanços na tecnologia ASICs, migração para fontes de energia mais verdes, construção de blockchains responsáveis por rastrear e mitigar os impactos ambientais, entre outras soluções. Inclusive, já temos dados indicando caminharmos paulatinamente para alternativa mais sustentáveis, como ressaltamos recentemente em nosso artigo publicado na Investing.

A última seção do documento, ainda que bem menor do que as seções responsáveis por avaliar os impactos negativos, destaca também as maneiras pelas quais a mineração de bitcoin que utiliza metano para gerar eletricidade, pode beneficiar o atingimento das metas climáticas dos Estados Unidos, ajudando muito mais do que atrapalhando. Em suma, é inevitável afirmar que o risco do banimento existe, mas ele está bem mais longe do que o que vem sendo divulgado.

Caio Goetze

Formado em Direito pela PUC-RJ e pós-graduando em Direito Digital pelo Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS) em parceria com a UERJ, conta com 3 anos de experiência e diversos cursos de formação acadêmica de bagagem no “criptomercado”.

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