Análise do mercado de boi gordo: retomada das exportações e desaceleração da oferta!

mercado de boi gordo

Após dois meses de quedas significativas nos embarques devido a um caso atípico de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), popularmente conhecida como “doença da vaca louca”, as exportações do mercado de boi gordo voltaram a dar sinais de recuperação em maio. Houve um aumento de 43% no volume exportado em comparação com o mês anterior, sendo o maior desde novembro de 2022.

Mas não para por aí! Os dados parciais de junho, divulgados recentemente pela Secex, também são bastante positivos. Quando comparamos a média diária de exportações acumuladas de bovinos de junho do ano passado com junho deste ano, constatamos um crescimento percentual de 33,14%. 

Esse cenário tem levado a uma redução nos prazos de abate da indústria e um aumento no interesse por novas compras. Veja abaixo a comparação:

mercado de boi gordo: comparativo da exportação de carne bovina entre os anos 2023 e 2022
Fonte: Secex

 

Dito isso, é importante ressaltar que 47% das exportações são destinadas apenas ao mercado chinês, que continua sendo o principal importador. No entanto, mesmo com a retomada dos embarques, o volume comprado acumulado este ano ainda é 14% menor do que no mesmo período do ano anterior.

Como resultado, as exportações totais brasileiras acumuladas até maio registraram uma queda de 9,5% em volume e 25% em faturamento em comparação com 2022. Há uma tendência de demanda sustentada no curto prazo, com os importadores chineses se preparando para o feriado da Golden Week em outubro.

No que diz respeito aos preços do boi gordo, a persistente desvalorização, mesmo com o retorno das exportações para a China, é resultado de uma conjuntura de fatores que abrange desde:

  • O abate generalizado de fêmeas: Dados do Imea mostram que, em maio, pelo quarto mês consecutivo, a participação média das fêmeas nos abates superou a dos machos, atingindo 52,6%. Para fins de comparação, por exemplo, nos últimos dois anos a média foi de 39,1% e 37,3%, respectivamente.
  • Um estoque maior de machos e
  • Uma demanda doméstica ainda considerada fraca para o período.

De qualquer forma, a retomada de importações na China fomenta um cenário de prazos de abate mais curtos. Além disso, há uma tendência de desaceleração na oferta de fêmeas no segundo semestre, juntamente com desestímulos para a entrada de gado no confinamento, o que pode levar a um aumento nos preços do boi gordo no mercado local.

Em outras palavras, portanto, para os próximos meses, espera-se uma tendência sazonal de menor oferta de fêmeas para abate, juntamente com uma queda na atratividade para o primeiro ciclo de confinamento devido aos preços futuros ainda considerados baixos.

Mas o que isso significa na prática? Bem, de forma direta e resumida, isso pode resultar em uma desaceleração na oferta e favorecer os preços do boi gordo. 

No entanto, o consumo doméstico continuará sendo o principal desafio para o setor, uma vez que pode haver uma perpetuação da tendência de perda de poder de compra ao longo do ano, mesmo com uma oferta maior e preços mais baixos da carne bovina, impedindo uma recuperação do consumo mais sustentada. Caso esse cenário se confirme, isso pode exercer uma pressão negativa sobre as cotações do boi gordo.

Já com relação à média diária de exportações acumuladas de aves, na comparação entre 2022 e 2023, vemos um aumento de 13,58%:

mercado de boi gordo: comparativo da exportação de carne de aves entre os anos 2023 e 2022

Fonte: Secex

 

No entanto, vale manter a atenção na propagação da gripe aviária de alta patogenicidade no Brasil, que ainda está restrita a aves selvagens, mas já afetou 39 casos em cinco estados (ES, RJ, BA, SP e RS). Apesar das medidas de prevenção estarem sendo intensificadas, o potencial negativo da contaminação é alto, uma vez que a carne de aves é a proteína animal mais consumida no país e que o Brasil é o maior exportador mundial da referida carne.

 

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Caio Goetze

Formado em Direito pela PUC-RJ e pós-graduando em Direito Digital pelo Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS) em parceria com a UERJ, conta com 3 anos de experiência e diversos cursos de formação acadêmica de bagagem no “criptomercado”.

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