Alameda Research processa Voyager Digital em US$ 445.8 MM!

A Alameda Research entrou ontem com um processo judicial contra a falida Voyager Digital e a HTC Trading em um tribunal em Delaware. De acordo com os documentos anexados, a Alameda afirma ter pagado, à época, todos os empréstimos que devia à Voyager depois que a plataforma de lending entrou com pedido de proteção contra falência em julho de 2022, ainda que alguns destes empréstimos não tivessem vencido no momento da solicitação.

A FTX afirma que pagou US$ 248.8 milhões em setembro e US$ 193.9 milhões em outubro, além de juros de US$ 3.2 milhões em agosto. Agora, pretende reaver esse montante total de US$ 445.8 milhões alegando que, em razão da proximidade das referidas datas de pagamento com a sua própria falência, em novembro, os valores estão elegíveis para recuperação.

De forma mais técnica, o argumento dos advogados da FTX é de que esses fundos podem ser reavidos com “prioridade administrativa” de acordo com as seções 503 e 507 do Código de Falências local (“Bankruptcy Code”). Caso a estratégia seja bem sucedida, a ideia é que os valores sejam utilizados para reembolsar os credores da corretora.

E para ser ainda mais específico, a Voyager tinha 10 folhas de empréstimos diferentes (loan sheets) com a Alameda no momento em que declarou falência. Em vários registros de setembro e outubro, a Voyager alegou possuir FTT e SEM como garantia para os empréstimos feitos à empresa na forma de várias criptomoedas, incluindo bitcoin, Dogecoin, ether, USDC, Litecoin, entre outras. Ativos extremamente ilíquidos e duvidosos.

Desta forma, os advogados da Alameda reconheceram que a empresa usou depósitos de clientes da FTX para realizar investimentos de risco, mas argumentaram que a Voyager e outras empresas de empréstimo de criptomoedas também foram cúmplices no processo, “consciente ou imprudentemente”, financiando a Alameda e alimentando a essa má conduta. O documento do tribunal afirma que o modelo de negócios da Voyager era o de “um fundo alimentador”.

“Ela (Voyager) investiu seu dinheiro (de investidores de varejo) com pouca ou nenhuma diligência em fundos de investimento de criptomoedas como Alameda e Three Arrows Capital. Para esse fim, a Voyager emprestou à Alameda centenas de milhões de dólares em criptomoedas em 2021 e 2022”, diz o documento.

Para acrescentar ainda mais complicação ao caso, lembramos que a FTX.US, divisão americana da FTX, tentou adquirir a Voyager em setembro do ano passado após vencer o leilão com uma oferta de US$ 1.46 bilhões. Ao que tudo indica, o interesse de Sam Bankman-Fried era preservar a estabilidade do próprio token FTT e possibilitar que a corretora continuasse exercendo seu mecanismo de “Low Float, High FDV”. Além disso, destacamos que a Alameda era uma das acionistas da Voyager.

A notícia deste processo entre Alameda e Voyager acontece logo após a FTX conseguir aprovação inicial do tribunal para vender alguns de seus ativos para a Binance.US em um acordo proposto no valor de aproximadamente US$ 1 bilhão.

 

Enquanto isso, atividades suspeitas acontecem em paralelo…

  1. Liquidatários da Alameda perderam US$ 72.000 em tokens AAVE ao transferir fundos para uma única carteira multi-sig centralizada. Hackers também exploraram mais de US$ 1,7 milhão das carteiras da Alameda.
  2. Já a Charity Commission, órgão regulador de caridade na Inglaterra e no País de Gales, também está investigando uma instituição chamada Effective Ventures Foundation, que supostamente teria laços com a FTX e Sam Bankman-Fried.
  3. Promotores Federais escreveram uma carta ao juiz Lewis Kaplan solicitando que ele reconsidere as condições da fiança de SBF para incluir uma proibição de comunicações privadas com atuais e ex-funcionários da FTX e Alameda. O pedido acontece após SBF supostamente procurar um funcionário, Ryne Miller, para tentar influenciar seu futuro depoimento como testemunha.

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Caio Goetze

Formado em Direito pela PUC-RJ e pós-graduando em Direito Digital pelo Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS) em parceria com a UERJ, conta com 3 anos de experiência e diversos cursos de formação acadêmica de bagagem no “criptomercado”.

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