Em uma época de dinheiro fácil (vide Selic em 2% a.a. em 2020), a tese das fintechs são adoradas pelo mercado e essa euforia faz com que teses como Inter (INBR31) e Nubank (NUBR33), muita das vezes sejam precificadas em um valor muito acima do justo.
Porém, como sabemos, quando os juros sobem as narrativas caem, e teses de crescimento incerto são descartadas à medida que os investidores correm para ativos mais seguros.
A pergunta é, agora estamos em um momento reverso dessa euforia? Esses dois ativos (NUBR33 e INBR31) já caíram tanto a ponto de valer a pena novamente?
Mais recentemente, após a divulgação dos resultados do 2° trimestre, as ações do Nubank subiram cerca de 30%, bem como uma valorização das ações do Inter de cerca de 20%.
Destrinchando os resultados do Nubank (NUBR33):
Em geral, os resultados do Nubank foram melhor do que o esperado pelo mercado, inclusive, grandes instituições acreditam na recuperação dessas ações, como o Goldman Sachs que vê um upside de 135%.
Neste trimestre, destacamos o crescimento da base de clientes ativos do Nubank, que atingiu 65,3 milhões e aumentou a taxa de atividade, que mesmo em um cenário mais difícil atingiu 80%.
Fonte: RI Nubank
Falando da carteira de crédito, cresceu pouco, condizente com a estratégia do banco de reduzir a concessão de crédito frente a alta da inadimplência acima de 90 dias (4,4%). Majoritariamente, sua carteira está relacionada ao cartão de crédito, que apesar de possuir margens mais altas, possui uma maior inadimplência.
Fonte: RI Nubank
Por dentro dos resultados do Inter (INBR31):
Quanto ao Inter, sua base de clientes é menor que a do Nubank, no 2° trimestre de 2022 atingiu 20,7 milhões e sua Carteira de Crédito atingiu R$19,5 bilhões, também com um crescimento reduzido visto o cenário mais desafiador.
Apesar do movimento parecido de desaceleração da originação de crédito, a carteira do Inter é completamente diferente da do Nubank, bem diversificada, atuando em diversos segmentos, como imobiliário, empresas e rural, que apesar de possuírem uma rentabilidade menor, possuem mais segurança e menor inadimplência.
A inadimplência acima de 90 dias, também cresceu, mas em um ritmo menor e alcançou 3,9% no fim do período.
Fonte: RI Inter
Olhando para a Receita Líquida do Inter, que fechou o trimestre em R$1,4 bilhão, é também bem diversificada, não só pela receita de juros vinda de várias fontes, mas também pela Receita de Serviços representar 36%.
Essa representatividade da receita de serviços é muito bem vista, mostrando o trabalho que estão conseguindo fazer para rentabilizar os atuais clientes, com braços como a Inter Invest, Inter Shop e Inter Seguros.
Fonte: RI Inter
Mas afinal, qual dos dois vale mais a pena?
Falando-se de múltiplos, é difícil precificar ambas as teses, visto que o crescimento está num futuro ainda distante. Comparando o preço sobre o valor patrimonial, o Nubank é negociado em 4,76x enquanto o Inter em 1,06x, que parece atrativo visto a possibilidade de crescimento.
Para ambas as companhias, o caminho não será fácil e ainda está um pouco nebuloso, visto não só a monetização dos clientes e o cenário macroeconômico, mas também a competição dos grandes bancos.
Mesmo com uma menor base de clientes e um menor poder de marca, acreditamos que o Inter já vem entregando parte desse trabalho de rentabilizar sua base. Bem como uma enorme gama de opcionalidades que visam não só diversificar sua receita e expandir o banco para novos horizontes, mas também gerar retornos para o acionista.
Portanto, acreditamos que dentre essas duas teses, o Inter (INBR31) além de ser mais barato, é mais seguro e possui mais potencial de upside.